Bacellar, homem do CV, é preso pela PF

 

Rodrigo Bacellar (União Brasil), presidente da Alerj, foi preso ontem na Operação Unha e Carne da PF, suspeito de ter vazado informações sigilosas da Operação Zargun, que prendeu o então deputado estadual TH Joias.

Bacellar avisou TH Joias por telefone da operação que o prendeu na tarde anterior à ação. E ainda o teria orientado a destruir provas. É o quinto presidente da Alerj a ser preso, só que, pela primeira vez, por aliança com o crime organizado.

Após o aviso, TH Joias fez uma limpa em casa e providenciou a mudança que usou até um caminhão-baú para sumir com suas provas. O deputado apagou o conteúdo do celular e passou a usar um aparelho novo, onde havia a mensagem enviada a Bacellar, perguntando a ele se podia deixar alguns objetos: “Deixa isso, tá doido? Larga isso aí, seu doido”, foi a resposta.

A PF apreendeu R$ 90 mil no carro dirigido por Bacellar até a superintendência da PF, onde ele acabou preso (ele fora convidado a participar de um depoimento). Não se sabe ainda quem alertou Bacellar da operação.

Thiego dos Santos Silva, o TH Joias, foi preso em 3 de setembro por tráfico de drogas, corrupção e lavagem de dinheiro, suspeito de negociar armas e acessórios para o Comando Vermelho (CV).

A PF diz ter identificado “um esquema de corrupção envolvendo a liderança da facção no CV no complexo do Alemão e agentes políticos e públicos”. Para o MP-RJ, TH usou o mandato para favorecer o CV, nomeando comparsas para cargos na Alerj. 

A ficha corrida do presidente da Alerj é extensa. Ele seria o “gênio do mal” da compra de votos que levou à reeleição de Claudio Castro, de quem foi aliado. A dupla armou o plano de encaminhar Thiago Pamplona, vice de Castro, para o TCU, para deixar livre a candidatura de Bacellar ao governo do Rio.

Só que quando Bacellar assumiu o governo durante viagem de Castro, demitiu o então secretário de Transportes, Washington Reis - ex-prefeito de Duque de Caxias e aliado de Flávio Bolsonaro -, por seu apoio a Eduardo Paes. Foi essa a causa do rompimento entre Castro e Bacellar, que perdeu assim o apoio do governador para concorrer à sua sucessão.

Parece que Castro está em pânico com a prisão do ex-aliado.

Ou seja, uma penca de flores que não se cheiram. Cada um pior que o outro. Após o morticínio de 121 pessoas nos complexos do Alemão e da Penha, Castro se turbinou a voltar a concorrer ao Senado. E pesquisas de opinião já indicam o favoritismo de Castro e Flávio Bolsonaro em 2026. Cariocas e fluminenses continuam a eleger os piores candidatos...

Enquanto isso, o ministro Gilmar Mendes fraturou o plano de Bolsonaro de conquistar a maioria do Senado para impichar ministros do STF. Pelas novas regras, bastante contestadas, só quem poderá afastá-los é o PGR. A decisão monocrática ainda será votada pelo pleno do STF.