Flávio é o candidato de Bolsonaro

 

Após longo e tenebroso inverno Bolsonaro bateu ontem o martelo: seu candidato a presidente em 2026 é o filho Flávio Rachadinhas. A repercussão imediata da decisão foi a queda da Bolsa (após sucessivas altas) e a alta do dólar (após sucessivas quedas).

Ou seja, o mercado não aprovou. Seja por que seu candidato é Tarcísio de Freitas ou quem sabe até o próprio Lula. 

Há quem sustente que o 01 não passe de um balão de ensaio.

O Fórum Teresina, da Piauí, indicava que a aposta do capitão era no seu próprio nome. Isso porque ele acreditava que repetiria Lula, ou seja, conquistaria a anistia e a elegibilidade através da maioria do Senado que sonha para 2026.

Por que, pelas regras atuais – que o ministro Gilmar Mendes tenta quebrar propondo que a prerrogativa de impichar ministros do STF passe à PGR -, o Senado pode controlar o STF. Só o ministro Alexandre de Moraes, o grande algoz de Bolsonaro, tem 43 dos 81 pedidos de afastamento na Casa.

Vamos que o plano dê certo. A tal maioria do Senado só se efetivaria e partir de 2027, quando o próximo presidente já estará eleito. Timing impossível para Bolsonaro, portanto.

Pela análise do jornalista Pedro Dória, Lula teria grandes chances de vencer Flávio. Só que Gilberto Kassab, presidente do PSD, já anunciou que se Tarcísio não for o candidato da direita vai apoiar Ratinho Júnior (ninguém merece um ratinho na presidência), governador do Paraná. E pode representar uma ameaça a Lula no segundo turno.

Vai ser difícil Flávio atravessar a saraivada de denúncias que o cercam. A começar pela nomeação da mãe e da mulher do miliciano Adriano da Nóbrega para seu gabinete, quando era deputado estadual. Ou as rachadinhas que o enriqueceram a toque de caixa e ainda a compra de uma mansão em Brasília com o salário de senador...

Essa semana assistimos à briga do clã, com vitória para Michelle, que conseguiu cancelar a aliança do PL com Ciro Gomes – agora filiado ao também decadente PSDB – no Ceará e passar por cima de Flávio (que pediu desculpas a ela) e Carlos. O fato é que a esposa não foi a escolhida.

Bolsonaro acha que, como Lula, pode ser presidente mesmo depois de passar pela prisão. Só que além do crime do capitão ser uma causa pétrea da Constituição – a tentativa de golpe -, uma possível maioria no Senado não ocorreria a tempo de ungi-lo a candidato à presidência...  

Ele teria de se aprimorar muito para dar esse golpe de mestre – algo improvável a quem está isolado na cadeia, não é chegado à leitura e foi preso pela própria tentativa frustrada.