Comédia de erros
Ontem,
enquanto os cariocas desfrutavam do feriado de Zumbi, um grupo passou a tarde
em frente ao Palácio Guanabara. “Parem de matar nas favelas”, dizia uma faixa
vermelha, balões de encher amarelos flutuando no vai e vem dos veículos que
passavam, indiferentes, pela Pinheiro Machado.
Na véspera,
a Polícia Civil entregou um relatório de investigação à Justiça, provando que o
tiro de fuzil que matou a menina Ágatha, aos 8 anos, partiu de um cabo da PM.
Justificativa: erro de execução”. Não foi a única. Nos primeiros nove meses de
2019 morreram outras quatro crianças assassinadas em favelas por balas perdidas. As
estatísticas mais que explicam a manifestação à frente do Guanabara. Enquanto
isso, o governador assina um artigo no Globo – o mesmo jornal que ontem fez um passaralho com um bando de jornalistas experientes, apesar da queda dos
índices de desemprego - onde assume seu “compromisso
de combate à bandidagem para asfixiar o crime organizado com inteligência
policial”. É essa inteligência que sai matando criancinhas?
Me faz
lembrar o primeiro governo Brizola, nos estertores da ditadura militar, em
1983, o qual cobri pelo Jornal do
Brasil. A polícia também entrava nas favelas barbarizando, até que saiu um
decreto que só permitia o acesso policial às casas das comunidades mediante mandato
judicial. Brizola não custou a ser crucificado como o responsável pelo
crescimento do tráfico ao proibir o acesso da polícia, o que, na prática, não
aconteceu. O vice-governador Darcy Ribeiro, genial antropólogo que idealizou os Cieps, poderia
ter dado outro rumo à crescente criminalidade, não fosse o projeto detonado
pelo governo sucessor de Moreira Franco.
Enquanto o
Brasil continua seguindo a equivocada “guerra às drogas” declarada em 1971 pelo
ex-presidente impichado Richard Nixon, a população pobre, negra e favelada é mantida na mira dos fuzis, sem que isso produza qualquer alteração no tráfico, assim como no período da lei seca destinada às bebidas alcoólicas nos Estados
Unidos de 1920 a 1933. Para completar, o
STF prioriza votar o fim da prisão em segunda instância e o governo federal propõe a liberação do porte de armas.
Será que
estou enganada ou está tudo errado?
Está não sempre esteve. Os políticos querem manter a população na ignorância e na incapacidade de exercer visão crítica. Assim, não temos saída nem a médio nem a longo prazo. A curto prazo, nem pensar. Apenas acho que o Brizola era um mal político e uma péssima pessoa. Ele era um populista e no governo dele a corrupção comeu solta. Ele não serve como exemplo para nada. Sorry.
ResponderExcluirSeu comentário é preciso, contundente e mostra a realidade de uma política sem escrúpulos praticada no País há algum tempo - com maior intensidade ultimamente por influência da família que colocaram para (des)governar o Brasil - quando se trata de direitos humanos e sociais, principalmente quando envolve a defesa dos negros.
ResponderExcluirParabéns, Celina.
Obrigada!
ExcluirMuito bom, Celina. Boas observações.
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