Crônica de uma tragédia anunciada
Roga-se para que papai do céu não alivie a barra do nosso alcaide evangélico. A última
mancada foi usar menos brita que o necessário para a aderência do asfalto usado
para recapear o Aterro do Flamengo. Resultado: o que era para turbinar a sucessão municipal de 2020 virou um tiro pela culatra. Acidentes,
com mortes, se sucedem no local.
Outro tiro
no pé, que pretendia conquistar eleitores com o barateamento do pedágio da
Linha Amarela depois de assumido pela prefeitura, foi ainda mais longe. A
agressividade da destruição dos postos de cobrança da atual
operadora do trecho não poderia ser pior. Além de perder na Justiça o almejado
direito de operação da via, o município do Rio conquistou a rejeição de
possíveis investidores e adivinha que vai pagar essa conta? Os contribuintes,
claro.
Difícil
acreditar, também, o destino da Avenida Niemeyer, projeto que começou a nascer em 1891
pelas mãos do engenheiro militar Conrado Jabob Niemeyer, ilustre fundador do
Clube de Engenharia. O que era para ser uma estrada de ferro emperrou por conta
da rocha que precisaria ser cortada. Em 1916 o engenheiro conseguiu concluir a
via, com recursos do próprio bolso. Bons tempos.
O que foi a
mais linda avenida da cidade, com uma vista de perder o fôlego, não apenas
recebeu ocupações irregulares como se tornou uma fundamental alternativa para
amenizar o pesado tráfego entre as zonas Oeste e Sul. Niemeyer jamais poderia imaginar
que sua obra fosse um dia interditada pela total incapacidade dos futuros
administradores da cidade. E como se essa interrupção não provocasse o caos na
cidade, a prefeitura ainda optou por adiar a construção de um muro de contenção
na parte alta do Vidigal. Seria um plano de tragédia para o próximo verão?
Quando cobri
Cidade nos anos 1980, pelo Jornal do Brasil, as chuvas da estação mais quente
sempre provocavam os mais dramáticos desastres. O que só tende a aumentar, com a
emergência climática – termo recém cunhado pelo
Dicionário Oxford -, o desmatamento galopante e a desordenada ocupação populacional.
O que mais apavora é a possibilidade de
reeleição, por conta de estratégias maquiavélicas, como beneficiar mulheres de
pastores com cirurgias estéticas gratuitas – o que soube de fonte confiável,
embora não tenha como provar. O Rio não merece!
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