SOS na cultura carioca
Era o ano
de 2015, quando vi pela primeira vez “O Grito”, síntese do desespero
existencial retratada pelo norueguês Edvard Munch (1863-1944), em visita à recém-
inaugurada Fundação Louis Vuitton, em Paris. Integrante de uma mostra temporária,
a obra me trouxe um forte impacto. Como brasileira, porém, o impacto foi ainda maior
quando me deparei com o lendário “Abaporu” - o homem que come gente - também em mostra temporária, em agosto de 2016,
no Museu de Arte do Rio (MAR).
Criada em
1928 por Tarsila do Amaral (1886-1973), largada ao Movimento Antropofágico, a obra foi
um presente de aniversário da pintora ao marido, Oswald de Andrade. Adquirida
em leilão pelo colecionador argentino Eduardo Constantini em 2001, ele a levou
para o Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires (Malba). Passados 15 anos,
Constantini resolveu fazer uma concessão aos brasileiros e permitiu sua saída
do país.
O
privilégio que eu e os milhares de visitantes tivemos foi apenas um dos pontos
altos deste museu que corre o risco de fechar as portas pela incapacidade da
prefeitura, que não repassa à Odeon, OS responsável por sua gestão, os aportes
necessários à manutenção. Ontem, uma multidão promoveu um abraçaço ao prédio, inaugurado em março de 2013, premiado projeto
do escritório de arquitetura Bernardes & Jacobsen.
Com um rico
acervo – inclui obras de Tarsila, Aleijadinho e Guinard, entre outros - formado
por doações de brasileiros de todo o país, de sul-americanos e de outros
continentes, o imóvel de 15 mil m², um dos responsáveis pela revitalização da
Praça Mauá, é uma junção do Palacete Dom João VI com o Terminal Rodoviário
Mariano Procópio.
Ontem a
população deu seu grito de guerra pela continuidade do espaço, cujo destino poderá
ser decidido hoje à tarde, na reunião entre o representante da Odeon e o
secretário municipal de Cultura. Semana passada falei aqui de alguns desastres da atual administração municipal, como a falta de solução para a
reabertura da Avenida Niemeyer; os postos de pedágio destruídos na Linha
Amarela e a má qualidade do asfalto usado para recapear o Aterro do Flamengo. Será
o fim do MAR mais um?
Mais um ótimo e realista texto Celina , obrigada
ResponderExcluirO povo está lutando , alguns q n se cansam frente a barbarie