Laranjeiras com vista para o mar
Depois
Quando
comecei a procurar apartamento, recém casada, em 1980, vi um anúncio em Laranjeiras, com vista para o mar. Mentira, pensei. O anúncio
continuava lá e resolvemos conferir. Quando chegamos era verdade: da janela se
descortinava a Baía de Guanabara, morros ao fundo. Mais um bocadinho, daria até para ver o Pão de Açúcar. Paixão à primeira vista.
Na verdade
nem eram apartamentos, mas casas, oito unidades idênticas, como um prédio horizontal, com entrada e portão
individuais, feito uma vila. Mais do que poderia sonhar. Escolhemos a casa 03, a
que tinha a vista mais ampla para o azul do
mar.
Dez anos
depois me separei e voltei a casar. Continuei no mesmo endereço. Minha única queixa é a chegada
do verão, porque o teto de laje transforma a sala num forno. Temia também a
tomada pelo Pereirão - que sequer existia quando chegamos -, da mata que também avisto da janela, acima do Liceu Molière, integrante da APA São José. A comunidade de fato avançou pelo
verde, porém, nesses quase 30 anos que estou aqui, manteve-se sob limites.
Até que um
dia percebi algum incômodo da minha janela. Herdei uma pequena mesa de bar da
casa de meus pais e a coloquei exatamente na beira do janelão. É
nela que trabalho, e quando somos só nós dois nos sentamos ali para as refeições.
Aos poucos, contudo, comecei a perceber que as mesmas vagens queimadas das
árvores de segunda categoria que ocupam o terreno da frente começavam a se imiscuir na paisagem.
A sensação
de desconforto cresceu até que a ficha caiu. O vizinho plantou uma dessas árvores
na casa 01 e minha vista foi para o espaço. Uma das características do
condomínio, contudo, são as relações cordiais entre os moradores. Um dia, chamei a
vizinha e mostrei o dano que a árvore causava na minha vida. Ela prometeu
providências.
Três
semanas se passaram e me afastei da janela. Doía aquela invasão, perda que parecia irreversível.
Até que hoje o rapaz que eles contrataram apareceu. Em poucos minutos minha vista
ressuscitou, exibindo a beleza dessa cidade entre o mar e a montanha.
Sobretudo nessa volta do sol, ainda sem as temperaturas de derreter ovos no
asfalto. Me sinto no paraíso!
Verde que te quero ver-te
E é mesmo um paraiso , onde convidada com carinho , já compartilhei , aniversários , música ótima , a vista , a paz , almoços deliciosos , mas acima de tudo , a amizade acolhedora desse querido casal !
ResponderExcluirSempre bem vinda!
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