Casamento no mato


Quando Leco chegou aqui em casa com sua malinha, em 3 de março de 1995, disse que nunca tinha casado oficialmente e perguntou se eu topava. Como eu já tinha passado por um divórcio, toparia se fosse algo espiritual. Meu primeiro casamento se limitou ao papel, estava afastada da religião católica e pensei então numa cerimônia budista. Sem saber desse detalhe, ele argumentou: então vamos casar na igrejinha do banco!
Feliz com o novo amor, entendi que essa igrejinha ficava no terreno que fora do meu bisavô, Franklin Sampaio, no Vale do Bonfim, em Correas, onde eu gostava muito de caminhar. Topei. E quem gostou mais, claro, foram minha mãe e avó. Fui com essa última ao local – uma pequena igreja branca de estilo espanholado, perdida nas plantações de verduras e flores dos colonos que assumiram a posse da área abandonada por meus tios-avós, hoje Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Emocionada, vovó contou que a obra fora de Jorge, seu irmão, para seu próprio casamento.
Na véspera da cerimônia, me lembro que fui até lá com Marta, minha cunhada, e um vidrinho de liquid paper para corrigir pequenas pichações na entrada da igrejinha, naquela época, um tanto abandonada.
Em 17 de maio de 1997, ao meio dia, nós e os convidados, deviam ser umas 30 pessoas – pareciam fantasiados com trajes de festa no meio do mato – encontramos a igreja fechada. “Leco, o que você está aprontando?”, perguntou minha sogra, desconfiada. Pouco depois chegou o padre Quinha – sensível religioso, já falecido – numa moto, com uma mulher na garupa. Estava curiosa para saber se as flores do campo que decorariam a igreja, pelas quais pagáramos R$ 25, estariam enfeitando o altar. Estavam!
Foi uma cerimônia simples e emocionante. Minha caçula e o caçula do Leco levaram as alianças. Meu pai disse que aquela fora a única vez que viu minha avó chorar. Tudo muito bonito, do jeito que a gente queria.
Depois seguimos para um almoço na casa dos meus sogros, na Pousada Alcobaça, cercados por queridos. Tudo simples e delicioso. Descemos no dia seguinte para a lua de mel em Paris. E na Cidade Luz já comecei a sentir os efeitos da benção do Padre Quinha.
Daminhos
A benção do Padre Quinha 
Altar florido
Mulheres da família, já na Alcobaça
Mamãe e Loli, minha sogra
Com minhas meninas e meu garoto


Comentários

  1. Adorei esse casamento e o texto. Em 25 anos essa relação só cresceu. Bodas de prata de muito, muito amor.

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  2. Oh, felicidade!!! Muito cultivada dá para se perceber.
    E uma linda e inesquecível cerimônia de casamento.

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  3. Linda a cerimônia...a cara do Leco mesmo ... E que venham os 25 anos de união e cumplicidade !

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