Barrada no baile
Há dois
anos, pleno verão, encontrei a Pista Cláudio Coutinho fechada. Ainda não
eram 6h, horário da abertura, e me lembrei do comentário de uma amiga
jornalista: “É a única pessoa que conheço que acontece uma coisa dessas”, brincou,
referindo-se aos meus hábitos de madrugar. Jurei que isso nunca mais ia
acontecer. Pois hoje aconteceu.
Passavam
cinco minutos das 6h – programei bem minha chegada, semana passada medi o tempo
que gasto da Praia de Botafogo até ali, para evitar esse entrevero. Um senhor
muito gordo e suado comentou com o pequeno grupo que já começava a se formar que tinha
pedido a chave para o soldado abrir. Logo em seguida o milico apareceu com a
dita cuja e consegui entrar no paraíso.
Entrei com
a gloriosa sensação de que encontraria a pista sem ninguém. Não foi o que
aconteceu. Logo após a primeira subida de acesso, já no plano, vi dois senhores
caminhando logo adiante. Não daria tempo para eles chegarem ali antes de mim,
que fazia o percurso correndo.
Depois vi
mais um, outro que já voltava da corrida, até que avistei uma mulher de meia
idade, uma das pessoas que passei a cumprimentar depois de rever tantas vezes.
Não resisti, expliquei a ela o ocorrido e disse não saber como era possível
encontrar tanta gente ali antes do portão ser aberto.
“Sou
militar e trabalho com reflorestamento. A pista abre às 6h, porém, cheguei antes e pedi para o soldado abrir. Se
ninguém pedir eles não abrem. Já teve dia deles abrirem só às 6h30”, comentou
ela com simpatia.
Não é de se espantar. Afinal, a Pista Cláudio Coutinho foi inaugurada pelo
Exército em fins dos anos 1980. Pelo visto aquilo, para eles, é quase uma área
particular de recreação, muito usada, por sinal, pelos cadetes que entram na
vida militar treinando naquele privilegiado lugar.
Ainda bem que os civis e turistas também usufruem, e muito, da
deslumbrante área entre o mar e o cartão postal.
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