Primórdios da Pousada Alcobaça

Um leilão movimentou a serra fluminense em 1910. Estava à venda o Sítio Santa Helena, sete alqueires a partir da linha da Estrada de Ferro Leopoldina na altura de Correas, banhados pelo então cristalino Rio Morto. Era pule de 10 que o vencedor seria o empresário Carlos Guinle. Outro poderoso empresário, o português Manoel da Silva Monteiro, porém, estava entre os candidatos e recebeu uma preciosa informação de bastidor: Guinle descera ao Rio de Janeiro por achar que era lá que ocorreria o leilão, na realidade, realizado na porta da propriedade. Monteiro levou. 

Esses foram os primórdios da história da Pousada Alcobaça, inaugurada em 1990 na casa de estilo normando erguida em 1914 pelo empresário português. O projeto foi do premiado arquiteto Heitor de Melo, autor também do Palácio Pedro Ernesto, sede da Câmara Municipal, na Cinelândia. Além do charme da sede, o enorme terreno ganhou os cuidados das mãos de fada de Laura Góes, mulher do neto de Manoel Monteiro, cujo talento se estende à culinária que tanto encanta os hóspedes. Foi Monteiro quem adquiriu as esculturas que ornavam a casa da Marquesa dos Santos, a mais prestigiada amante de Pedro I, que passaram a decorar os jardins.

E eu nessa história toda? Conheci o local aos 6 anos, quando fui morar com a família em Itaipava e tive a sorte de estudar no democrático coleginho criado por Laura – colega de minha mãe no Colégio Jacobina – para os filhos dos jardineiros, leiteiros, vaqueiros e de seus próprios amigos. Há 25 anos reencontrei e casei com o filho de Laura - ambos com filhos e uniões já desfeitas - e entrei para o privilegiado grupo de frequentadores desse nobre espaço.

Depois do almoço, meu programa predileto é esquecer o tempo nesses jardins, com a  facilidade de reproduzir as imagens - que adoro compartilhar - no meu celular.

Sede de estilo normando, 1914

Trilha da catedral de bambus