Brotando das cinzas
Não
sei por que, sempre achei que elas se chamassem Oitis. Ornam o canal da Avenida
Visconde de Albuquerque, no Leblon - com seus troncos imensos, raízes que se
entrelaçam ao caule, generosas copas com folhas miúdas para suas dimensões -,
também o acesso ao Mirante Excelsior, na Floresta da Tijuca, atualmente
interditado, e ainda o Largo do Machado. Têm aspecto centenário.
Ano passado, durante reportagem para o Jornal do Brasil acompanhada do arquiteto e
urbanista José Guimarães – do Grupo Reflorestamento Urbano –,
constatei meu equívoco: as árvores são, na realidade, Ficus religiosa. Considerada
sagrada pelos budistas, foi sob uma delas que o Buda se iluminou, no Stupa
Animeshlocha (Santuário da Vigília), a 96 km de Patna, estado de Bihar, Leste da Índia.
Após
49 dias e noites em meditação, o jovem Siddhartha atingiu a iluminação e se
tornou um Buda. Consta que ele passou a primeira etapa sob a árvore. Na segunda,
permaneceu de pé, contemplando a figueira. Depois, caminhou entre a árvore e a
Stupa Animeshlocha. Em cada pegada sua teria nascido uma flor de lótus. O
percurso ficou conhecido como Ratnachakarma (Caminho Precioso)”.
Embora
o local continue a atrair hordas de visitantes e peregrinos, a figueira
original, chamada Árvore Bodhi, já não existe mais. Em seu lugar foi plantado
outro exemplar, também originário de uma muda de figueira, Sri Maha Bodhi,
do Sri Lanka.
Por
aqui, poucos sabem da histórica importância dessa árvore, um verdadeiro monumento. Conforme Guimarães,
um belo exemplar foi ao chão no Largo do Machado no ano passado. A Fundação
Parques e Jardins (FPJ) cortou outras duas árvores em risco e replantou uma muda. A segunda foi reposta pelo Reflorestamento Urbano (na foto abaixo) e a terceira, brota das raízes restantes. Quem sabe uma metáfora para esses tempos sombrios que vivemos? “As
figueiras são árvores muito fortes”, conclui o arquiteto. Disso, ninguém duvida!
Que linda!!!!! Bjs .Adorei ler.
ResponderExcluirOlha só, eu estava na mesma situação até ler aqui que não são oitis as árvores que ladram o canal da rua Visconde de Albuquerque.
ResponderExcluirE que descoberta interessante a sua : - a árvore bodhi é uma figueira.
Muito bom saber disso
Também adorei saber, sao arvores deslumbrantes, pelo tamanho e pelas raízes entrelaçadas ao caule
ResponderExcluirVocê, Celina, com suas descobertas sobre as figueiras despertou-me a curiosidade sobre a figueira do inferno uma planta que minha mãe citava , não sei por qual razão. Devia haver um contexto cercando suas palavras , uma atmosfera fantástica com o capeta, quem sabe?
ResponderExcluirFicou guardada na memória, surgiu agora.
Fui ao Google e descobri um conto popular muito engraçado um "causo".
Lógico que a figueira entrou na história. E o capeta também. Diverti-me.