"Com quem ficaria o processo?"


A quase dois anos de completar o assassinato de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 14 de março de 2018, ainda não se sabe quem foi o mandante do crime. Volta-se a falar na federalização das investigações, já criticada pela família da vereadora assassinada. Rumos  que continuam incertos, principalmente depois que o delegado Giniton Lages - logo após a prisão de Ronnie Lessa, em março de 2019, que teria sido o autor dos disparos – foi ‘presenteado’ com um intercâmbio na Itália. Após a morte do ex-Bope, Adriano Nóbrega,  Marinete Silva, mãe de Marielle, recuperando-se de uma cirurgia de catarata, falou com exclusividade ao sairdainercia.blogspot.com, manteve a posição anterior da família e não se arriscou a apontar um possível mandante da morte de sua filha.
“Em relação à federalização a gente acredita que não é bom, o posicionamento da família sempre foi contra, porque não se sabe para onde iria esse processo, com quem vai ficar. Esperamos que continue aqui no Rio de Janeiro, porque é mais uma questão política, do governo federal com o Estado do Rio. Minha filha estar no meio disso não é nada interessante para a gente, porque isso não vai ajudar”, disse.
Em relação à provável queima de arquivo ocorrida com Nóbrega, Marinete acha que não há muito o que comentar. "Não tenho muito o que falar sobre a morte do Adriano, porque não há nada de concreto em relação à sua atuação no crime da Marielle. Há investigações sobre outros crimes que ele cometeu, ele está envolvido no processo sobre a operação Os Intocáveis*, sabe-se que ele era muito perigoso, que fazia parte do Escritório do Crime, é notório, mas não tenho nada a dizer sobre isso”, limitou-se a observar.
O blog também procurou a viúva de Marielle, Monica Benício, em viagem a João Pessoa (PA). Porém, não teve resposta às mesmas perguntas respondidas por Marinete.
Só nos resta manifestar as esperanças para que esse crime hediondo, que afeta não apenas Marielle, sua família e a de Anderson, como todas as mulheres que de alguma forma lutam por dias melhores – sobretudo nesse sombrio e obscuro período de nossa história – para o Brasil.
O ex-capitão do Bope, Adriano Nóbrega
 *      Adriano era o último de outros 12 envolvidos na Operação "Os intocáveis", de combate à milícia de Rio das Pedras, em Jacarepaguá, inciada há um ano. Ele chefiava aquela que era uma das maiores milícias do Rio.O advogado do bandido, Paulo Emílio Catta Preta, e a mulher do ex-policial, Julia Emília Mello Lotufo, sustentam que ele foi executado, e não morto, na troca de tiros no último 9, em Esplanada, litoral da Bahia. Sua mãe, Raimunda Magalhães e sua ex-mulher, Danielle da Nóbrega, eram funcionárias fantasma do gabinete do então deputado Flávio Bolsonaro, filho do presidente, e teriam participado do esquema de rachadinha comandado por Fabrício Queiroz. Nóbrega recebeu a Medalha Tiradentes de Flávio em 2005, quando estava preso. 

Marinete Silva











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