Golpe em suaves prestações


O primeiro baque veio no dia seguinte do golpe que sofri em 15 de dezembro: R$ 2,5 mil surrupiados da minha conta, por débito. Cancelei o cartão quase duas horas depois de perceber que levara o golpe, porém, o estrago já estava feito. Dia seguinte, quando fui à minha agência, recebi a assustadora notícia da gerente de que talvez o banco não estornasse o valor. E ainda alertou que o dano podia ser maior, pelo crédito. Entrei em contato com o meu gerente pessoal e ele não detectou nada além do prejuízo inicial.
Pouco depois recebi um e-mail do banco me tranquilizando: o valor seria devolvido em dois dias úteis. Não foi. Passei o Natal e reveillon relativamente pacificada até que, em 6 de janeiro, recebi uma ligação do banco dizendo que a dívida feita pelo estelionatário, de R 793,00, na Sumup – revendedora de maquininhas para cartão de crédito – e de R$ 1.166,68 na loja Granito Beijo Doce – de material de construção -, cada uma dessas em três etapas, que a dívida – que não contraí - seria cobrada na minha fatura de fevereiro.
E aí veio a terceira novidade: o roubo vai ser pago em três ‘suaves’ parcelas mensais. Meu Deus, eles sabem que o gasto não foi meu e ainda por cima vão honrá-lo em três prestações?
Meu pecado foi ter passado meus dados. Este mês de fevereiro, contudo, o atendente do banco colocou como condição passar minha senha pelo telefone para liberar o pagamento bloqueado pelo cartão no início do mês, quando comprei passagem aérea pela América do Sul em comemoração às minhas Bodas de Prata. Por que o banco bloqueou minha compra – meus únicos gastos feitos no crédito são com passagens aéreas ou e-books –, liberou a do ladrão e ainda vem me cobrar em três parcelas? Será um novo tipo de caridade?
Pela primeira vez na vida estrei com uma ação contra esse Itaú Personnalité, que foi tudo comigo, menos pessoal. Atendimento mais impessoal e cruel, impossível. E ainda por cima me tapeou com uma mensagem, cuja única vantagem foi pacificar as festas de final de ano, até cair na dura realidade na entrada de 2020.
Ontem vivi duas novas emoções: soube que o Itaú teve o maior lucro da história já registrado entre bancos, de R$ 28,363 bilhões, de cujo oceano fui uma patética gota! E ainda recebi uma ligação do cartão, dizendo que receberei um comprovante de boa pagadora para receber vários tipos de desconto!
Difícil distinguir qual o pior bandido: o que surrupiou R$ 8,3 mil da minha conta bancária, ou o banco que tem um seguro contra esse tipo de golpe e, não apenas não me atendeu, como me enganou, deu falsas esperanças e vai horar as parcelas feitas pelo ladrão. Páreo duro!       

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