Luz sobre as sombras

Nesses tempos de radicalismo galopante as palavras de Pedro Dória, jornalista, escritor e editor da nova newsletter Meio, são um bálsamo. Após assistir aos sucessivos absurdos protagonizados por Bolsonaro – morte de indígenas, misogenia, perseguição a jornalistas e  a todos os que pensam diferente -, Dória dá uma aula ao divulgar  o Meio – nome que  sugere equilíbrio, tendência ao Centro inexistente no atual cenário e, para uma simpatizante do budismo, como eu, a busca de um caminho intermediário, que não conduza aos extremos. Ou, quem sabe, simplesmente, meio e mensagem.
Ao discorrer sobre as democracias liberal e republicana em vigor no país, é como se Dória trouxesse luz ao comportamento errático do presidente. A primeira tem como base o direito de cada um dizer o que pensa, à garantia da integridade do corpo e de dispor dele ao seu próprio gosto. Na segunda, a Constituição está acima dos governantes; o povo elege representantes que fazem as leis e o governante tem de se submete a ambas. Ele não pode fazer o que quer, é contido por limites legais.
Talvez sua tendência à tirania explique porque o presidente não consegue entender a diferença entre etiqueta e decoro. Um exemplo claro é não respeitar  o que diz a Constituição sobre o direito dos povos indígenas às suas terras e cultura. Quando viaja pelo mundo, o presidente não é Jair Bolsonaro, mas o Brasil, representa os que votaram e os que não voltaram nele. Sua função não pode ser exercida sem decoro. “As conversas existem para construir consensos. Se o objetivo é construir laços, a busca do diálogo é um caminho, com menos atritos, daí vem o conceito de impessoalidade do cargo”, propõe Dória.
Você é capaz de ver alguma desses traços no homem eleito para governar o Brasil? Está claro como água pura que Bolsonaro não é preparado para exercer o cargo que ocupa. A claque que vibra com seus improvisos não faz ideia do quão curtas e limitadas são suas ideias. O consolo é que nada disso dura, por falta de lastro. No curto prazo, o pior é que não só seus eleitores se darão mal, todos seremos tragados por esse mar de ignorância no qual o Brasil está afundado. Será que o país aguenta? Nem Dória tem a resposta. No mais, vida longa ao Meio. 
* Ilustração da Gazeta do Povo  

Comentários

  1. Palmas para o Pedro Dória e para ti, Celina!
    Tempos difíceis...a gente gosta de ouvir os que pensam como a gente ou os que iluminam o caminho para nós seguirmos em frente em busca de tempos melhores
    Melhor ainda seria , se houvesse espaço para conversas civilizadas entre as pessoas que divergem.
    Porém, infelizmente estamos muito longe disso, é o que me parece.

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  2. Obrigada por estar antenada e sempre com boas dicas .
    Vida longa ao Sair da Inércia.

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