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fevereiro 15, 2020

Goiabinha choca seus ovos sob o olhar atento do papai Romeu

A novela dos cisnes do Parque Guinle prossegue, com ingredientes cada vez mais shakespereanos. Goiabinha, primogênita do casal Romeu e Julieta, doado ao parque em 2015 pela aeromoça aposentada Cláudia Lustosa, está chocando 3 de seus cinco ovos. Dois foram roubados, assim como um dos primeiros três ovos chocados por sua mãe. Os cisnes filhotes devem vir ao mundo no próximo mês.

A história do casal já começa com um drama: além do roubo de um ovo em sua primeira cria, Julieta, ainda marinheira de primeira viagem, confeccionou seu ninho com gravetos por demais avantajados e, sem querer, acabou por pisotear um filhote, que não resistiu. Goiabinha foi a única que vingou. Apesar desta escriba achar que a fonte de inspiração no batismo do casal foi o mais famoso romance de Shakespeare, os nomes nasceram, porém, da dobradinha goiabada com queijo. Daí o Goiabinha da primogênita e dos doces que vieram depois.

Julieta teve nova cria e dessa vez aprendeu a lição: fez seu ninho com os gravetos de tamanho adequado. Nesta segunda cria nasceram Mariola e Bananada, que seguiram para um colecionador em Guaratiba.

No dia 27 de janeiro de 2019 nova tragédia se abate sobre a família: ao reagir ao ataque de um cachorro, Julieta foi morta a pauladas pelo dono do animal. Abalada, Cláudia fez até Boletim de Ocorrência. No máximo, o assassino foi convocado a depor e tudo ficou por isso mesmo. Gerou, porém, um fato positivo: a presença de policiais à paisana que deixaram o parque ainda mais seguro, desde que a aposentada Nedina Levy – pioneira na recuperação do local – conseguiu, em 2006, que policiais federais acabassem com o tráfico de drogas existente ali e ainda criou o grupo Abraça Aves, que cuida da tropa que passou a habitar aqueles lagos. Antes de morrer, Julieta tinha chocado os filhotes Vítor e Vitória, que também acabaram por sucumbir.

Na sequência shakespereana, Romeu passou a cortejar a própria filha, Goiabinha, com quem procria com as bênçãos do criador, porque no reino dos cisnes o incesto não afeta a saúde dos filhotes. Já nasceram do casal Jujuba, Amendoim e Paçoca, doados ao Museu da República e a um colecionador de Guaratiba.

Agora há uma certa tensão entre os que acompanham o desenrolar do próximo capítulo: “Essa reta final é a mais perigosa, mas não há muito o que fazer”, admite Cláudia. Só resta esperar pelo nascimento dos que passarão a integrar o bando de patos, gansos, marrecos, cisnes e até garças que se juntam aos demais. Vida longa!