O segundo cérebro
A medicina
e a filosofia orientais já sabiam há milênios o que os cientistas ocidentais constatam:
a importância sobre as emoções da rede de neurônios que comanda a função digestiva. “A
vida emocional tem relação direta com os hábitos alimentares, e o funcionamento
da digestão é diretamente influenciado pelas emoções”, garante Marcílio Miranda
Neto, médico coordenador do Laboratório de Pesquisas em Neurônios Entéricos da
Universidade Estadual de Maringá (PR).
Daí nossa
familiaridade com sensações como frio na barriga diante do medo, perda de
apetite sob uma forte paixão ou até mesmo intestino solto associado a tensão ou
forte insegurança. O estudo de Miranda Neto confirma que boa parte dos
neurotransmissores que carregam emoções e sensações pelo corpo, como a
serotonina, o hormônio do bem estar, está situada no órgão até então associado à
escatologia: os intestinos.
O primeiro
a bancar essa teoria desse lado do planeta foi o neurobiólogo americano Michael
Gershon, da Universidade de Columbia, em Nova York. Para administrar cada espasmo necessário à transformação dos alimentos, o aparelho digestivo
avalia as situações até se decidir que ação vai tomar – defende Gershon
em seu livro “The second brain”. O médico Luiz Guilherme Correa, formado pela
USP, onde também estudou filosofia, faz coro: “O intestino realiza funções de
alta complexidade. Se ele não pensa de forma autônoma como o cérebro, certamente
possui grande inteligência.”
Para ele,
isso ajuda a explicar por que doenças como ansiedade, depressão e síndrome do
intestino irritável costumam se manifestar de maneiras associadas tanto ao
cérebro quanto ao intestino. Afinal, são 100 milhões de neurônios acomodados do
esôfago ao ânus, o que já justifica chamar o aparelho digestivo de segundo
cérebro.
A medicina
tradicional chinesa acredita que a barriga é o centro do homem, e mostra como
as emoções negativas alteram o funcionamento dos órgãos. Já o sistema milenar
hindu dos chacras diz que dois deles estão na barriga, um ligado ao aparelho
reprodutor, ao impulso sexual e às funções de desintoxicação, e outro
responsável pela sede de poder e de realização do ego.
Nesses
tempos de pandemia, portanto, com o planeta de pernas para o ar, o equilíbrio desse
sistema é ferramenta indispensável, sob risco de uma gigantesca diarreia coletiva...
Eu li um livro maravilhoso sobre o tema. A estante está desordenada, estou para iniciar a rotina de higiene da casa. Então fico devendo o nome do livro. Voltarei
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