Diário da Covid-19
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Antes do pesadelo chegar |
Começa que
meu marido, há cinco anos em São Paulo durante a semana – o que no
início estranhei e depois achei ser fórmula para a longevidade no
casamento – divide comigo a quarentena. No início atordoado pelas
rasteiras que levou não da China, de onde importa equipamentos de fast-food,
mas dos bancos que transferiram para ele mais de 400 boletos não pagos
dos clientes, a juros de 14,5%! E ainda do governo brasileiro, que taxou em R$
1 mil as 200 máscaras que um fornecedor, que virou amigo, nos enviou para
uso pessoal e familiar.
Há mais de
um ano desempregada, ficar em casa já não é novidade para mim, para ele, porém, tem sido mais duro. Criamos uma rotina de caminhar por uma hora pelas ladeiras dos
arredores, antes das 6h, seguida de home-office para ele e de blog, para mim.
Depois alternamos tarefas domésticas, enquanto nossa querida faxineira é paga
para ficar em casa. Tenho descoberto que limpar, lavar, varrer e cozinhar quando no momento presente – aprendizado da meditação – podem até proporcionar
prazer. Mesmo porque só resta viver o aqui e agora, impossível planejar o futuro. Enquanto isso, inevitáveis raízes brancas do cabelo pintado à mostra...
Ambos
gostamos de ler e os eletrizantes romances de Ken Follet têm sido companhia constante,
assim como o seriado espanhol Casa de Papel. Que nesses tempos de
coronavírus tem competido em adrenalina com o Em Pauta, na Globonews, assim como a leitura
matinal de O Globo, dos sites Meio e Colabora, todos com mais jeito
de ficção do que de realidade nessa tragédia nossa de cada dia.
Começamos a
quarentena nutridos por uma semana em Bariloche, dos lugares de natureza mais
bonitos que conheço, em comemoração às Bodas de Prata. Temos constatado,
contudo, para alívio de ambos, que esse convívio compulsório tem tudo a ver. Um dia ele apareceu com
sintomas de resfriado e meu mundo caiu. Não durou, porém. Noutro, minha mãe, que faz
90 esse ano, começou a ficar ausente enquanto o exame de sangue indicava infecção. Tomou o primeiro antibiótico, sem resultado, até que melhorou no segundo. Bingo!!!
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Orquídeas brotam no quintal |
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Privilegiada vista da janela |
Celina que reflexão mais bonita. Transformar em prosa e verso o cotidiano é uma meditação e tanto! Bjs
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