Luz no fim do túnel!

A pneumologista Elnara Negri

Após observar necrópsias de corpos infectados com o coronavírus, a pneumologista paulista Elnara Negri, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, descobriu que o vírus provoca trombose nos pulmões dos doentes. Com isso, ela passou a comandar um estudo entre 27 pacientes, com idades entre 33 e 96 anos, alguns cardíacos e diabéticos, que ainda lutam para sobreviver. Todos são tratados com anticoagulantes, medicamentos capazes de dissolver as tromboses que se formam nos pulmões e provocam falta de ar. Nenhum deles morreu e apenas dois permanecem hospitalizados. Ainda é um universo pequeno, porém, promissor.

O tratamento já é usado nos hospitais da rede municipal de São Paulo, conforme a indicação clínica dos pacientes. Com a nova publicação do artigo da brasileira no British Medical Journal, hospitais de todo mundo vão conhecer o protocolo e poder replicar a técnica.

“Esses pacientes foram melhorando progressivamente. Nossa impressão é que quanto mais precocemente o tratamento for usado na instalação da insuficiência respiratória, maior a possibilidade de melhora e de evitar a entubação com ventilador mecânico”, descreve a médica.

Os anticoagulantes são capazes de dissolver as tromboses que se formam nos pulmões e causam falta de ar aos infectados. O trombo impede a circulação sanguínea e para que a respiração seja efetiva, sangue e ar precisam se encontrar na ponta dos alvéolos, o que tem sufocado os pacientes na forma grave da Covid-19.

De uso hospitalar, o remédio tem baixo custo. “O tratamento será disponível a pobres e ricos, e se a eficácia for mesmo confirmada, será  imediatamente usado no SUS”, completa a médica, que alerta: a automedicação pode levar à morte. 

Entre os pacientes do estudo, o engenheiro Márcio Fontes, portador da forma grave de Covid-19, comemorou sua alta fazendo ginástica em casa, com seus três filhos, após passar cinco dias internado em um hospital de São Paulo e outros nove dias em isolamento domiciliar . “Estou totalmente curado, zerado. Não sinto mais nenhuma dor ou sensação de falta de ar. Tenho orgulho por uma brasileira fazer a diferença nesse mundo tão competitivo”, exulta.