Roubadas plantas raras do Parque Guinle
![]() |
O majestoso portão do Parque Guinle |
![]() |
Nos últimos cinco meses várias bromélias foram roubadas |
Quando
inaugurou seu palacete neoclássico, hoje Palácio Laranjeiras, o industrial
Eduardo Guinle (1878-1941), que havia passado por duas guerras mundiais e pela
gripe espanhola, jamais poderia imaginar que, 106 anos depois, o suntuoso
imóvel inspirado no Cassino de Montecarlo, que o levou à falência, abrigaria um governador – no caso, Wilson Witzel – que passou a integrar os 30.425 casos confirmados até hoje da Convid-19 no país, com 1.924 óbitos.
O mesmo que prometeu atirar na
cabecinha e festejou publicamente a morte de um sequestrador, tem conseguido
despertar alguma simpatia até entre seus detratores, por suas posições favoráveis ao isolamento social para superar o avanço da pandemia, afinadas à OMS. O palácio passou a ser isolado
por gradis externos, enquanto o governador, que já usava o imóvel como
residência oficial, o transformou também em local de trabalho e de recuperação.
E enquanto o
estado se derrete com a crise econômica e os problemas se avolumam,
provavelmente Witzel desconhece algo que começou a acontecer sob as suas
próprias barbas (no caso, inexistentes). Mais exatamente nos antigos jardins do palacete, projeto
do paisagista francês Gerard Cochet, depois incrementado por Roberto Burle
Marx, inaugurados em 1920. O palacete passou à União em 1926, ao Estado
em 1974 e os jardins viraram o Parque Guinle, área pública de 24.750 m² , com
períodos de abandono e resgate, que passou a predominar desde que a
aposentada Nedina Levy assumiu a administração voluntária do local, em 2006.
Dois anos
depois, o artista plástico Pablo Menezes começou a levar para lá exemplares
das bromélias que formavam um tapete natural no terreno que adquiriu numa APA em
Búzios, em 2005. Enquanto estudos da Fiocruz desmontavam o mito de que as
espécies ajudavam a propagar a dengue, o salto de qualidade se deu em 2017, com uma exposição de bromélias. Os visitantes compravam
exemplares, plantados no local com os nomes destes doadores. Hoje são mais de
300 bromélias espalhadas pela área, muitas delas raras, valorizadas pelas aulas
de paisagismo feitas por Nedina, Pablo e Cláudia Lustosa, outra voluntária. Ao
mesmo tempo, orquídeas doadas pelo Zona Sul foram fixadas às
árvores do parque, que se tornou um mais visitados da cidade.
Só que,
desde dezembro, tanto as bromélias quanto as orquídeas começaram a ser roubadas
pelos visitantes. Devem ser larápios com o mesmo perfil egoísta de quem rompe com o
isolamento social. Cansado, Pablo lamenta que nem a guarda municipal ou a
guarda do governador zelem por patrimônio tão especial. “Impossível fazer tudo
sozinho”, pede socorro.
![]() |
Orquídeas fixadas às árvores |
Comentários
Postar um comentário