Pestes ensinam: fique em casa!
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A máscara da peste negra parecia uma cabeça de ave, com enorme bico |
É verdade que a evolução tecnológica
e científica não dá margem a comparações da atual pandemia com as que a antecederam. Contudo, sempre é possível aprender com o passado. Em 1665, quando a
peste negra contaminava a Europa, a pacata aldeia de Eyam, na Inglaterra, foi duramente atingida pela doença. Para deter a contaminação, o padre anglicano
William Mompesson decidiu pelo isolamento: ninguém entrava e ninguém saía. Foi então
criado ali um pioneiro cordão, ou cerca sanitária.
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Barreira remanescente em Eyam |
Entre idas e reinfestações, tratamentos
modernos com antibióticos puseram um ponto final na peste, também chamada de
bubônica, que assolou o mundo por três séculos. Ainda assim a doença não
desapareceu por completo: o último surto ocorreu em 2017, em Madagáscar, onde
foi encontrada uma forma resistente da bactéria Yersinia pestis, transmitida pelas pulgas dos ratos.
No caso de Eyam, a peste chegou por
amostras de tecidos infestados de pulgas, enviados de Londres ao alfaiate local.
Os moradores organizaram-se e criaram barreiras, usando pedras para demarcar os
limites locais. Para garantir o abastecimento, eram deixadas nessas pedras
moedas embebidas em vinagre – que acreditava-se ser desinfetante -, para ressarcir os comerciantes e agricultores que depositavam ali suas mercadorias.
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A Londres medieval |
Após mais de um ano lutando contra a
doença, morreram 267 dos 334 habitantes da aldeia. Hoje o lugar mantém testemunhos da
peste. Barreiras ainda resistem e placas lembram os nomes dos que morreram em algumas
casas.
Do século XIV ao XVIII a doença ia e
voltava em vagas, castigando mais algumas
cidades que as outras. Veneza, por exemplo, perdeu quase um terço da população
no século XVI. 10% dos habitantes de Amsterdam morreram no século seguinte mesmo século em que a população de Sevilha foi dizimada pela metade. Paris foi
várias vezes atingida pela peste, bem como Londres.
Lisboa também se viu invadida pela peste
no século XVI. Antes, na primeira vaga, estima-se que entre um terço à
metade da população portuguesa teria morrido da doença. A última vaga da peste
negra aconteceu com mais força na França e na Rússia, entre 1720 e 1770. E só
no século XIX, com os avanços na ciência, a infecção foi identificada como bacteriológica. A primeira vacina apareceu em 1896.
Tanta demora, contudo, não deverá ser o caso da atual pandemia.
Outro vestígio deixado pela peste
negra foram os lazaretos - nome
inspirado em São Lázaro, santo padroeiro dos leprosos, a primeira doença a
motivar o isolamento. Eles eram um complexo de edifícios erguidos fora das
muralhas medievais para separar os doentes de lepra, também usados para
isolar outras doenças, como a peste negra. Muitos dos lazaretos viraram
hospitais. Hoje a Croácia usa seus lazaretos como espaços culturais.
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A Croácia transformou seus lazaretos em centros culturais |
Embora a Covid-19 já deixe profundas
marcas, espera-se que o aprendizado com o passado restrinja essas
consequência. No mais, fique em casa!
Sempre convivemos com doenças e a humanidade vem derrotando todas elas em maior ou menor grau. Erradicamos a Polio e a Varíola, mas demorou muito tempo. As chamadas doenças de crianças hoje são raras, porque as vacinas são numerosas. A COVID-19 pegou o mundo desprevenido. O Bill Gates, numa palestra em 2015 levantou a possibilidade de uma Pandemia numa TED Talk. Cá estamos numa Pandemia sobre a qual ninguém sabe o que fazer. Fala-se muito. Deram 4 razões pelas quais a Alemanha saiu-se melhor que os outros países: 1) Bom serviços médicos, 2) uso inteligente dos testes, 3) Confiança do Estado e 4) Liderança da Merkel. Aqui a gente só tem uma dessas características, que é confiar na Merkel.
ResponderExcluirBasta dizer que aqui vivemos a pandemia e o pandemonio
ExcluirComo todo mundo, ando doida para esta peste contemporânea nos deixar de vez. Ja é mais do que um abuso, o estrago feito pela Covid-19, virótica, cruel, mortal.
ResponderExcluirChega!
É querida, ando assustada com previsoes de prazos muito maiores do que poderiamos supor
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