O sobe e desce do ioiô


Na quinta-feira 18 festejei meu aniversário com a prisão de Queiroz e a agradável sensação de que o cerco se fechava em torno do presidente. A alegria durou pouco. Uma semana depois, Flávio Bolsonaro estourou uma champanhe para festejar: seu processo saiu das mãos do rigoroso juiz Itabaiana e desceu para a 2ª Instância. Ducha de água fria para 70% dos eleitores brasileiros. A defesa do filho do presidente conseguiu o que queria: empurrar o processo com a barriga.

Por enquanto, porém, ainda não virou pizza. Tanto a prisão de Queiroz quanto o mandato de prisão de Márcia, sua mulher, estão mantidos, assim como  a devassa nas contas do então deputado. Itabaiana já havia provado que Queiroz, como um PC Farias, bancou o colégio e planos de saúde das filhas de Flávio e depositou R$ 24 mil na conta da mulher do presidente. As decisões, contudo, podem ser revistas pela 2ª Instância, que também pode dar uma macha a ré no processo, se tudo voltar à estaca zero.

Algo bem parecido com o que aconteceu quando veio à tona a fatídica reunião do ministério de 22 de abril, usada pelo ex-ministro Moro para provar a intenção de Bolsonaro de interferir na Polícia Federal. Apesar da ordem judicial que permitia a divulgação da reunião, me surpreendi como o encontro ministerial veio a público, aquele verdadeiro festival de palavrões, afinal, não faz muito tempo que assistimos a resistência de Bolsonaro a divulgar o resultado de seu teste de Covid. Como ele iria permitir que aquele encontro tão intimista fosse escancarado?

A autorização se explicou quando o presidente lançou uma versão absurda, de que ele não se referia à PF na reunião, e sim à sua segurança pessoal, apesar do responsável por ela permanecer no mesmo lugar e de um membro desta equipe ter sido promovido um mês antes. Na última quarta-feira, contudo, o general Heleno desmentiu a versão de Bolsonaro, jogando lenha na fogueira, que voltou a esfriar e só mais adiante saberemos se a posição do general jogou luz sobre o óbvio. Será que o presidente vai se render à convocação de depor no processo comandado pelo ministro Celso de Mello?

Ou seja, vivemos num ioiô. Quando parece que Bolsonaro levou um xeque-mate – como também ocorreu com a prisão e quebra de sigilo de bolsonaristas - , tudo volta ser como antes no quartel de Abrantes. O fato é que o presidente baixou a bola, não apenas diante do cerco, como dos mais de 50 mil mortos pela pandemia negligenciada por ele, do desemprego recorde e queda de 9,1% no PIB, prevista FMI. Difícil manter a arrogância e agressividade diante de um cenário desses...qual será o próximo movimento deste ioiô?  

Comentários

  1. Sempre existe um desembargador e um Juiz venais. Afinal estamos no Brasil, a sociedade mais corrupta do planeta.

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  2. Ontem, surgiu um novo Bozo, o Bozo paz e amor. Só quero ver aonde esta tragicomédia, esta pantomina vai parar.

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