Pandemônio no reino animal
Quando Romeu e Goiabimha conseguiram formar uma família |
Goiabinha chocando a futura prole |
O drama
começou há dois anos, quando Julieta, a fêmea de Romeu, foi morta a pauladas
pelo dono do cachorro que a atacou. O casal já havia tido filhotes e foi
Goiabinha, marinheira da primeira cria, quem substituiu a própria mãe. Sim,
porque, ao contrário das tragédias de Shakespeare, como Hamlet, não existe incesto no reino dos cisnes. Tanto que os descendentes do casal original –
o batismo Romeu e Julieta, na verdade, não se inspirou no bardo, e sim em goiabada com queijo, daí também o nome Goiabinha, o biscoito recheado –
quanto do pai e da filha, seguiram para outros destinos, como o Palácio do
Catete e o espaço de um criador de Guaratiba que faz uma espécie de intercâmbio com o Parque Guinle.
Como o parque fica na rota da minha caminhada aos primeiros raios de sol,
acompanhei de perto todas as etapas dessa gestação. Vi Romeu, dedicado, ajudando Goiabinha a fazer seu
ninho; observava a dedicação da mamãe, com o calor de seu corpo e toda a paciência do mundo para gerar vida aos descendentes, sem arredar o pé dali.
Como ela terá se sentido quando, ao invés de ver os pequenos cisnes quebrando a casca dos
ovos para nascer, todos desaparecerem como por encanto. E como deve sido a dor de Romeu quando sua parceira sofreu um ataque que a levou à morte? Nunca saberemos. Se os cisnes
não se importam com o incesto – certamente a biologia dessa espécie nunca deve
ter passado pelos danos da consanguinidade -, eles são monogâmicos convictos. Romeu só trocou de parceira depois que ficou viúvo.
Em meio à catástrofe que vivemos com a pandemia do coronavírus, essa história não passa
de uma gota no oceano. Mais uma manifestação, porém, da ruindade do homem,
capaz de tal malvadeza. Pior, só mesmo
esse presidente que não está nem aí para a vida humana. Ou um governador capaz de roubar respiradores em plena pandemia. Duvido que Shakespeare fosse capaz de criar uma trama tão inacreditável quanto a que vivem os
brasileiros e fluminenses. Até quando?
Romeu e Goiabinha: vida que segue |
Quanta maldade neste mundo!
ResponderExcluirTriste!
ResponderExcluirQue cronica bonita e, ao mesmo tempo, triste...
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