Política na Covid-19


Alberto Fernández, presidente da Argentina

Que os números do Brasil, atual epicentro da pandemia, são assustadores, não é novidade para ninguém. Contudo, o debate online “Covid-19 na América, Proteção Social e Proteção à Saúde: é Possível Evitar uma Tragédia Humanitária?”,  da Fundação Perseu Abramo, feito na última sexta-feira, impressionou ainda mais. Em 13 de março, eram 30 infectados e dois mortos na Argentina. O Brasil tinha 50 infectados e cinco mortos. Em 19 de junho, o Brasil registrava 50 mil mortos e a Argentina, menos de mil óbitos.

A comparação diz tudo. Por aqui, um governo que não apoia o serviço público, despreza a gravidade da pandemia e a importância da vida dos brasileiros (exceto a de paraquedistas). Lá, um governo que direcionou o estado e suas estruturas a serviço de uma política de prevenção e combate à doença e de sustentação financeira do povo, conforme o médico Jorge Rachid.

Além da experiência argentina durante a pandemia mostrar que a expansão da Covid-19 não é simples obra do acaso e da natureza, mas resultado de escolhas políticas, relatos de um representante do governo cubano (Francisco Durán) e de uma médica e ativista quéchua boliviana (Vivian Camacho) ajudaram a compreender as diferenças de abordagem na pandemia nos países participantes.

O governo portenho adotou o lema: “qualidade de vida mínima para enfrentar a guerra ao vírus”. Foram criados 11 milhões de postos de alimentos para a população; garantido o auxílio de 150 dólares por família; promulgada uma lei antidemissões e paga a metade do salário dos trabalhadores obrigados a interromper suas atividades.

A experiência de Cuba também foi exemplar. Começou pela detecção de quem voltava de outros países, rastreando os primeiros casos, hoje, 2.248 no total. Todos tiveram acompanhamento diário e houve intensa participação do presidente e de ministros na TV para orientar a população sobre as medidas de isolamento. Foi realizada capacitação específica dos profissionais de saúde e, como os produtos importados subiram de preço, equipes de epidemiologistas, biólogos e matemáticos permitiram ao país começar a produzir seus próprios recursos diagnósticos. O saldo são apenas 84 óbitos até agora.

Jeanine Ágñes, presidente interina da Bolívia

E se no Brasil foram trocados dois ministros durante a pandemia, na Bolívia foram três (um deles preso por escândalo que envolve aparelhos respiradores). Aqui temos um presidente errático e total ausência de gestão sobre a crise sanitária, lá, a incerteza parece ser ainda maior. A presidente interina, Jeanine Ágñes, convocou eleições gerais para 6 de setembro, em meio aos riscos de realizar um pleito durante a pandemia. Até o dia 12 de junho, eram 16.165 casos e 533 mortes no país andino, segundo a Universidade Johns Hopkins. 

Resta alguma dúvida sobre a importância da gestão política para combater os nefastos efeitos do coronavírus sobre os países?

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