Receita aos populistas de direita
Quando o Brexit foi aprovado levei um susto, ia contra tudo em que eu acreditava. O mesmo aconteceu quando Trump se elegeu presidente dos EUA e com a onda que surgiu, e consagrou, Jair Bolsonaro a presidente do Brasil, fama meteórica na qual pegou carona o governador Wilson Witzel (RJ), desconhecido que de repente surgiu do nada, hoje encurralado pelo provável impeachment. Postei aqui que quem estava por trás dessa ascensão da extrema direita no mundo era o americano Steve Bannon, voz amordaçada pela competente ação dos Sleeping Giants.
Ontem,
através do caro leitor Arnaldo Moreira, descobri o livro “Os engenheiros do caos –
Como As Fake News, As Teorias da Conspiração e os Algoritmos Estão Sendo
Utilizados Para Disseminar Ódio, Medo e Influenciar Eleições"”, do italiano Giuliano Da Empoli, com especial atenção à ascensão de políticos
extremistas a partir das redes sociais. "No Brasil, os comunicadores a
serviço do candidato ultranacionalista Jair Bolsonaro driblaram os limites
impostos aos conteúdos políticos no Facebook, comprando milhares de números de
telefone para bombardear quem usa WhatsApp com mensagens e fake news", defende o autor.
"No mundo de Donald Trump, de Boris Johnson e de Jair Bolsonaro", prossegue Empoli, "cada novo dia nasce com uma gafe, uma polêmica, a eclosão de um escândalo. Mal se está comentando um evento, e esse já é eclipsado por um outro, numa espiral infinita que catalisa a atenção e satura a cena midiática”. Isso explica, por exemplo, o pandemônio que vivemos paralelo à pandemia, técnica aplicada desde que Bolsonaro entrou em cena, ou até para alçá-lo à cena, como foi o xingamento à deputada Maria do Rosário.
Na ‘receita’ descrita por Empoli, essa 'engenharia' começa no ambiente em que a palavra-chave é engajamento, a partir de horas de navegação pelas redes sociais, não importa a qualidade do material veiculado. Notícias falsas e teorias da conspiração, tão usadas por esses populistas, fazem mais sucesso do que qualquer outro tipo de conteúdo, método infalível de "jogar para a torcida", conforme a música.
São
lideranças que dançam de acordo com os algoritmos, sem o menor pudor em dar um
cavalo de pau para atender à "demanda de consumidores políticos".
Para o autor, é um sintoma do fim da realidade objetiva, substituída por outra ‘verdade’,
conforme a maneira como cada um encara o mundo, chamada por ele de
"política quântica".
Empoli
explica como tropas de choque digitais atuam em blogs, sites e comunidades de
redes sociais para espalhar as ideias responsáveis por atrair novos
simpatizantes para as lideranças extremistas e manter sob alerta os já
convertidos, que funcionam como batalhões para atacar opositores. O que era impossível prever, porém, era a capacidade de Bolsonaro dar tiros no pé, que
acabaram por elegê-lo o maior vilão mundial da pandemia, cuja incapacidade assina a
morte de milhares de brasileiros que ainda poderiam estar vivos.
Bolsonaro acertar o próprio pé é fácil, ele tem 4!
ResponderExcluirPena não ter geograficamente o cérebro em um dos pés. Assim ele próprio resolveria o problema.
ExcluirCelina, excelente. Parabéns.
ResponderExcluirContanto os dias para me ver livre desse verme
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