Genocídio em foco
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A jurista Deisy Ventura, com doutorado pela USP |
E quem
sacudiu o coreto do governo, que até então parecia descansar em berço
esplêndido, como se nada demais estivesse acontecendo, foi o ministro Gilmar
Mendes, ao associar a atuação da equipe de Bolsonaro ao genocídio. Depois que o
STF entrou em cena a ficha parece ter começado a cair, sobretudo para o
vice-presidente e o ministro da Defesa, que passaram a avistar a possibilidade de um fim de túnel
sinistro para as Forças Armadas. A questão então passou a ser: existem ou não
evidências de que o governo de Bolsonatro possa ter cometido genocídio diante
da pandemia?
Deisy vê
com nitidez o crime de extermínio no que se refere à população em geral, no
artigo sétimo, letra b, do Estatuto de Roma. “É também um crime contra a
humanidade. E, no caso específico dos povos indígenas, minha opinião é de que
pode ser tipificado como genocídio, o mais grave entre os crimes contra a
humanidade”, diz.
E quanto
à intenção, necessária para culpabilizar os responsáveis, a jurista aponta o
que o presidente chamou de “guerra” e de “jogar pesado” contra os governadores.
“Constitui, claramente, um plano para obstruir uma resposta eficiente dos
Estados à pandemia, com etapas como o pedido a empresários para que deixassem
de financiar campanhas eleitorais de governadores não alinhados, ameaças
constantes nas declarações públicas e incitação à desobediência civil, entre
muitas outras medidas legislativas ou administrativas”, completa, lembrando da
demissão de dois ministros da Saúde em plena pandemia, por discordarem dos
planos negacionistas de Bolsonaro.
Deisy
considera fundamental a discussão sobre a tipificação dos crimes contra a
humanidade, “mas ela precisa ser feita de uma forma muito tranquila, porque não
se trata de agitação ou de insuflar pessoas. É uma tese muito séria, que tem
condições de prosperar tanto na esfera internacional quanto na interna, porque
genocídio é um crime tipificado na legislação brasileira”, esclarece.
Conforme a Revista Veja, juristas europeus estariam preparando um pedido de abertura de investigação internacional contra Bolsonaro e o general Pazuello pela descontrolada ampliação das mortes no país. O que mais os tem motivado seria a distribuição de cloroquina às populações indígenas, as mais suscetíveis ao coronavírus. Genocídio na veia.
Conforme a Revista Veja, juristas europeus estariam preparando um pedido de abertura de investigação internacional contra Bolsonaro e o general Pazuello pela descontrolada ampliação das mortes no país. O que mais os tem motivado seria a distribuição de cloroquina às populações indígenas, as mais suscetíveis ao coronavírus. Genocídio na veia.
Infelizmente não levo muita fé nisso não, porque acho difícil essa tese da intenção pegar. E, se pegar, vai demorar, isso leva anos. De qualquer jeito, só de ser considerada como possibilidade já ajuda. Acho mais fácil alguma responsabilização por infração ao Código Penal e à própria Constituição. Tá tudo tipificado lá.
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