Acorda Brasil!

 

A cada nova ameaça, seja em torno da pandemia do coronavírus, ou até das ameaças à 'primeira família' desde a prisão de Queiroz, os 70% exultavam: agora vai, agora Bolsonaro vai cair! Só que, além de não cair, ele desponta como favorito nas eleições presidenciais de 2022. Enquanto os brasileiros tentam se conformar com a vergonhosa posição do país que virou chacota internacional, o capitão se mantém como integrante da chamada “Aliança do Avestruz", ao lado dos ditadores da Nicarágua, Bielorússia e Turquistão, que negam os riscos da pandemia e recomendam soluções que vão do consumo de vodka ao da controversa cloroquina.

Conforme o El País, essa estratégia que poderia parecer suicida é minimamente calculada, tanto que segue seu curso, mesmo com a população estarrecida diante dos mais de 100 mil mortos. Hoje, a posição do Brasil no cenário mundial é semelhante à mantida por Bolsonaro por três décadas como deputado federal: isolado, conhecido por suas loucuras e sem qualquer influência.   

Só que existe método nessa loucura. Ao contrário de Trump, que permitiu a permanência de cientistas de verdade em seu governo e chegou a ensaiar o reconhecimento da gravidade da crise, Bolsonaro se mantém firme e forte no negacionismo. Ele jamais assume a responsabilidade pelo problema, para fugir do custo político diante da brutal crise econômica que se avizinha. A culpa é lançada nas costas dos governadores e prefeitos, conforme previu o antropólogo Luis Eduardo Soares, agora na sinistra lista do tal dossiê antifacista.

Diante da provável instabilidade política da América Latina, com redução das chances dos presidentes concluírem seus mandados, Bolsonaro embarcou na estratégia de minimizar o problema, criticar o distanciamento social e promover remédios sem comprovação científica, aposta ardilosa e sofisticada, apesar de moralmente indefensável.

Agora, com mais de 100.000 óbitos e nenhum sinal de achatamento da curva, o presidente pode culpar a suposta futilidade das medidas de distanciamento social, usando a lógica torta de que, já que “todos pegarão” a doença de qualquer jeito, não há por quê fechar a atividade econômica. Para ele, quem deve arcar com o ônus político da crise sanitária são não só os governadores e prefeitos, como os especialistas em saúde e a China. Nunca ele. O fluxo contínuo de notícias absurdas parece retirar a gravidade de cada uma delas, tanto que a aprovação de seu governo subiu para 45%. Acorda Brasil, antes que seja tarde!

Comentários

  1. Especialista em "fake news" , estes 45% não são dignos de crédito. Mais uma"cloroquina" do capitão.

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  2. Brasil em sono profundo, como diz o C Lynch em seu artigo A Paz dos Cemitérios". Ainda assim, é revoltante o papel dos militares nesse desgoverno.

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  3. Brasil se especializa em andar para trás

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