Brasil, sua cara ainda é o Rio
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Coroa com vigor de garoto |
Eis que sopra uma lufada de ar nessa asfixiante atmosfera política brasileira. Sexta-feira participei do primeiro comício virtual em torno da pré-candidatura de Chico Alencar a vereador, pelo PSOL. Sim, o deputado federal mais votado em 2014, ex-candidato a prefeito e a senador – quando perdeu, em 2018, talvez pela falta de domínio das ferramentas que elegeram Bolsonaro -, Chico volta à política com a honesta disposição que sempre o norteou – “Lá vou eu de novo como um tolo/Procurar o desconsolo/Que cansei de conhecer", brincou por duas vezes, parafraseando, com largo sorriso, "Retrato em branco e preto", do xará e amigo, Chico Buarque.
Cabelos brancos e disposição de garoto, embora concorrendo a
um cargo cuja atuação se restrinja ao seu quintal, o Rio de Janeiro, Chico – ao
contrário do “E daí”, “não sou coveiro” ou “vida que segue”, algumas das máximas
do desdém de nosso líder máximo à pandemia que nos consome – pretende estimular
o “bonito” ativismo solidário disseminado sobretudo entre as comunidades para
enfrentar a Covid-19. E com o humor que
lhe é peculiar, divertiu-se com os comentários antagônicos que recebeu ao
anunciar sua candidatura: “Depois da sua história? Quanta humilhação!”, ou “Que
humanidade!”.
Nada disso importa para ele, porém. Assim como na letra de
Chico Buarque, ele vai acumular a árdua e repaginada campanha política, que começa no
fim de setembro, com um doutorado. Graduado em História, que ensina em escolas
públicas e privadas – estofo para definir Bolsonaro como o pior presidente de todos os tempos -, tem mestrado pela FGV sobre Associações de Moradores, onde
tudo começou. Foi aí que o conheci, assumindo o primeiro espaço de atuação política
tolerado pela ditadura militar, início dos anos 1980.
Chico sabe muito bem que ainda não domina esses novos
territórios virtuais de campanha e que terá de se assessorar bem para chegar lá.
Também não se abateu ao circular essa semana pela Rua do Catete, um de seus
redutos eleitorais, óculos escuros e máscara, sem ser reconhecido por ninguém.
Acredita, entretanto, que tem tudo para ocupar por inteiro este espaço tão
vazio de ideias e ações em cidadania, cultura e meio ambiente, entre outras áreas órfãs da cidade.
Pérolas do encontro: “O Rio vive a gangsterização da politica”;
“Vou usar uma linguagem moderna, contemporânea, sem me descaracterizar”; “Os
deputados do baixo clero, de onde vem Bolsonaro, são despachantes de interesses
menores”; “O Rio tem muito mais humanismo que barbárie” e, a melhor, para
quem sucumbe ao baixo astral reinante: “Brasil, sua cara ainda é o Rio”. Vamos nessa!
Na mosca, Celina.
ResponderExcluirFácil escrever sobre alguem tao legal
ResponderExcluirSão tão poucas alternativas, principalmente numa instância tão contaminada pelo que há de pior na política brasileira. Mas eis que o Chico surge. Vai vencer e trabalhar praticamente sozinho. Mas já é muita coisa! Mário Oliveira
ResponderExcluirViva Chico
ExcluirDesejo que se eleja para combater os quadrilheiros políticos que dominam a Câmara do Rio. Agora, mais uma ameaça, a duplicação da ameaça de seu Messias: a mãe Rogéria o filho Carlixo podem se eleger. A que ponto este país chegou.
ResponderExcluirChico Alencar é uma reserva moral do nosso País.
ResponderExcluirViva Chico!
ResponderExcluirGosto muito do Chico Alencar, votei nele e vou votar sempre
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