Corrida do bem
A Anvisa acaba de autorizar testes na fase 3 para mais uma vacina contra a Covid-19. Os mais desavisados podem achar que essa seria uma vantagem para o país. De fato. Na medida em que de alguma forma terão de se comprometer com a futura distribuição no Brasil. Não é para ajudar, porém, que as farmacêuticas internacionais nos procuram. O que nos credencia são os nossos mais de 3 milhões de contaminados e óbitos que ultrapassam os 100 mil. Tragédia que já deixou de indignar a população.
Dessa vez, o interesse foi da Janssen
Pharmaceuticals, do grupo Johnson & Johnson, para testar a Ad26.COV2.S.
Antes dela chegaram aqui outras três vacinas, a da Universidade de Oxford, no
Reino Unido – que a Fiocruz estima começar a produzir em dezembro -; a chinesa
Sinovac, já apelidada de ‘coronavac’, em parceria com Instituto Butantan, que
deve começar a receber material para produção em outubro, e a da
BioNTech/Pfizer. Todas na fase 3. Há previsão de vacinação gratuita pelo SUS para a melhor entre as duas
primeiras.
Para este novo imunizante da Janssen Pharmaceuticals está prevista a participação de 7 mil voluntários na Bahia, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do norte, Rio Grande do Sul e São Paulo para testar 60 mil pessoas nesta terceira e última fase, que avalia a segurança e eficácia do imunizante. A maior vantagem será a larga oferta - apesar de toda a rapidez, não tanto quanto o planeta gostaria - de vacinas, tão longo se confirme a eficácia de cada uma delas.
A Rússia, como se sabe, foi o primeiro país a registrar a sua, antes de passar pelos testes necessários. Ainda assim, já foram vendidos mais de um bilhão de doses a 20 países, Brasil incluído, via governo paranaense. As redes sociais se encheram de memes, como o de Putin a bordo de um barquinho, pescando, com seios femininos à mostra em ironia ao desconhecimento sobre os possíveis colaterais do imunizante. E nessa corrida armamentista do bem a China, por sua vez, concedeu essa semana a primeira patente da vacina Ad5-nCocV à farmacêutica CanSino.
Por aqui,
Bolsonaro e o ministério da Saúde - até hoje comandado por um interino, apesar
de nossas estatísticas estratosféricas - continuam a receitar a inócua
cloroquina. Nossa curva se estabiliza no pavoroso patamar perto dos mil mortos diários, dez vezes mais que os óbitos, em um único dia, ocorridos na explosão em
Beirute. Campeonato do mal.
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