Xadrez por trás dos interesses
Enquanto as suspeitas sobre o governador Wilson Witzel crescem e ele despenca como um castelo de cartas, os podres que correm na Justiça sobre Flávio Bolsonaro há mais de dois anos são empurrados com a barriga.
Pior: do superfaturamento nos equipamentos de combate à Covid-19 à rachadinha - agora também notícia no The New York Times-, as histórias se entrelaçam. De santos nenhum dos dois têm nada. Por um lado é bom ver a justiça ser feita contra aquele que ameaçava atirar na cabecinha, ou que ergueu o punho para a quebra da placa em homenagem a Marielle.
A
primeira peça começou a cair em maio, quando veio à tona o
esquema de corrupção do governador com a prisão do ex-subsecretário da Saúde,
Gabriell Neves. Depois foram o empresário Mário Peixoto e o ex-secretário
de Saúde, Edmar Santos. Ambos selaram o destino de Witzel.
Acontece
que o buraco é mais embaixo. Na disputa entre os puxa-sacos de Bolsonaro para
as duas vagas que se abrirão no Supremo até o fim de seu mandato, o PGR,
Augusto Aras, e o ministro Benedito Gonçalves, do STJ, conforme fontes do El
País, deram seu jeito para encurralar Witzel – o amigo que virou inimigo quando
se declarou candidato à presidência - e apressar o desfecho dessa história com um
empurrãozinho da procuradora Lindôra Araújo.
Enquanto
isso, outros concorrentes ao cargo, o terrivelmente evangélico ministro da Justiça, André Mendonça,
inventou o tal dossiê antifascista, enquanto o ministro João Otávio Noronha, do STJ,
livrou a cara de Queiroz. A amiga de Flávio Bolsonaro, Lindôra, por sua vez,
está de olho na vaga deixada por Aras se ele for mesmo para o STF.
Outra peça do tabuleiro é o nome do futuro piloto das investigações contra Flávio, o das rachadinhas. Como o Tribunal de Justiça do Rio já decidiu que cabe a si, e não a um juiz de primeira instância julgar o 01, a responsabilidade cairia sobre esse novo PGJ. Para alívio do clã, quem poderá escolher o sucessor de Eduardo Gussen no início de 2021 no Ministério Público Estadual será Cláudio Castro, o substituto de Witzel e amiguinho dos Bolsonaro.
Se bem que, conforme o blog de Marcelo Auler, a sucessão do PGJ tem sido feita a partir da lista tríplice apontada entre seus pares e dificilmente haveria um bolsonarista entre eles.
Ou seja, as peças se encaixam não só para tirar da
frente o governador desafeto como para tentar garantir o destino do
primeiro filho. Qual será o próximo capítulo?
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