OMS puxa orelha de Bolsonaro

O irlandês Mike Ryan, da OMS

Após a trágica marca de 100 mil óbitos, a OMS deu um recado direto a Bolsonaro sobre a ineficácia da cloroquina, a necessidade de manutenção do distanciamento social - já que a Covid-19 continua a se espalhar pelo país - e da ajuda financeira. “Sociedades não podem agir com as mãos atadas nas costas. Elas precisam receber recursos e meios para agir", alertou Mike Ryan, diretor de operações da OMS ao colunista Jamil Chade, do UOL.

As críticas foram respostas ao negacionismo do presidente, que voltou a fazer campanha para a cloroquina, questionou o distanciamento e ainda criticou as vacinas de origem chinesa. "É difícil para muitos no Brasil, especialmente os que vivem em locais lotados e na pobreza. Manter as atividades é muito difícil. O governo deve continuar a dar apoio à sociedade”, completou Ryan, que aproveitou para elogiar os profissionais de saúde, que fazem malabarismos para atender hospitais cuja ocupação chega a passar de 90%. "O Brasil mantém um nível muito elevado da epidemia. A curva está mais achatada, porém, não está caindo e o sistema está sob dura pressão", destacou.

Segundo Ryan, cerca de 20% das pessoas testadas no Brasil estão contaminadas. “Ainda é um número elevado”, lamentou. O representante da OMS voltou a repetir uma posição já conhecida da entidade, de que “a hidroxicloroquina não serve. E num cenário como este, o remédio não é a bala de prata". A conclusão é resultada após meses de testes pela organização. "Cabe ao governo de forma soberana decidir qual é o melhor tratamento. Só que a partir dos testes o remédio não se mostrou eficiente”, frisou. Em relação à vacina de origem chinesa, criticada por Bolsonaro, Ryan deixou claro: "Todas as vacinas serão colocadas sob o mesmo teste rigoroso. Não há motivo para ter suspeita de nenhuma delas", enfatizou. “A OMS não dará o sinal verde a nenhuma das 160 vacinas sob teste hoje se não houver eficiência e segurança”. 

Sem se referir diretamente a Bolsonaro, Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da entidade, lembrou que as lideranças políticas precisam assumir a responsabilidade de agir. “Vamos atingir 20 milhões de casos e 750 mil mortes. Há muita dor e sofrimento”, lamentou, em seguida acenando com possíveis esperanças. “Nunca é tarde para promover uma reviravolta. Para isso, é preciso que líderes assumam suas ações e que as sociedades se disponham a mudar seu comportamento", concluiu. Será que o presidente e os brasileiros estarão realmente dispostos a evitar que a situação fique ainda pior?

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