O planeta de Francisco

 

É frei Betto quem dá o recado. De 26 a 28 de março de 2021, Assis, onde nasceu São Francisco, vai receber mais de 2 mil economistas e empreendedores de 115 países. Todos têm em comum menos de 35 anos de idade. Esse será o publico do encontro “A economia de Francisco”, convocado pelo papa. O Brasil terá 30 participantes.

Serão debates sobre trabalho e cuidado; gestão e dom; finança e humanidade; agricultura e justiça; energia e pobreza; lucro e vocação; políticas para a felicidade; desigualdade social; negócios e paz; economia e mulher; empresas em transição; vida e estilos de vida; e economia solidária. Uma observação: milícia, corrupção e aborto não  integram debates.

A inspiração de Francisco, que não a toa escolheu o nome do santo, é simples e grandiosa, como tudo o que ele faz. “Não há razão para haver tanta miséria. Precisamos construir novos caminhos”. Ele propõe uma economia “que faça viver e não mate, inclua e não exclua, humanize e não desumanize, cuide da Criação e não a deprede.”

Afirma ainda a necessidade de “corrigir os modelos de crescimento incapazes de garantir o respeito ao meio ambiente, o acolhimento à vida, o cuidado da família, a equidade social, a dignidade dos trabalhadores e os direitos das futuras gerações.”

O papa será assessorado no encontro por Jeffrey Sachs, Joseph Stiglitz, Amartya Sen, Vandana Shiva, Muhammad Yunus e Kate Raworth, cujo foco se voltará aos temas desigualdade social e devastação ambiental. 

Sobre o atual estado do capitalismo, o economista Ladislau Dowbor não vê nenhuma razão para haver miséria no planeta. “Se dividirmos os 85 trilhões de dólares que temos de PIB mundial pela população, equivale a 15 mil reais por mês, por família de quatro pessoas, suficiente para todos viverem de maneira digna e confortável.”

Segundo a FAO, hoje 851 milhões de pessoas passam fome. A população mundial é de 7,6 bilhões de pessoas, e o planeta produz alimentos suficientes para 11 bilhões de bocas. Não faltamh recursos, portanto. E sim justiça. Como não há falta de dinheiro, e sim de partilha. Os paraísos fiscais, verdadeiras cavernas de Ali Babás, guardam 20 trilhões de dólares, 200 vezes mais do que os US$ 100 bilhões que a Conferência de Paris estabeleceu para tentar deter a desastre ambiental. 

Duzentos e seis bilionários brasileiros aumentaram suas fortunas em 230 bilhões de reais em 2019, conforme a Forbes, enquanto a economia ficou praticamente estagnada. Aos mais pobres cabem os R$ 30 bilhões do Bolsa Família. 

O objetivo do papa Francisco, de acordo Betto, é que vigore no mundo uma economia socialmente justa, economicamente viável, ambientalmente sustentável e eticamente responsável. 

 

Comentários

  1. Se existe esperança, não tenho dúvidas, ela se chama Framcisco!

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  2. Neste mundo desigual a igreja católica e as demais se preocupam apenas em acumular enquanto a fome no mundo aumenta. Triste!

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