Quem se importa com a democracia?
Comprar imóveis ou realizar grandes
transações em dinheiro vivo não é crime. Porém, tem sido um dos mais
eficientes termômetros para aferir sonegação e lavagem de dinheiro. Não preciso repetir aqui a frequência com que o clã Bolsonaro prioriza este
tipo de operação. Será que eles curtem se deslocar com malas de dinheiro? Não se
incomodam em contar montanhas de
dinheiro após as compras? O quê explica esse tipo de predileção?
A prática vem de longa data. Em 1996, Rogéria Bolsonaro, mãe do 01, 02 e 03, comprou um apartamento por R$ 95 mil em Vila Isabel. Em espécie. Naquele mesmo ano, Flávio, o 01, adquiriu 12 salas comerciais na Barra da Tijuca, avaliadas em R$ 86,7 mil. Segundo O Globo, o 01 usou R$ 2,7 milhões desviados da Alerj nas rachadinhas. Ele e Queiroz serão denunciados à Justiça por organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro.
Ainda casada com o presidente, Ana Cristina Valle comprou, junto com o marido Jair, duas
casas, um apartamento e dois terrenos, tudo com dinheiro vivo. Transações que
chegariam a R$ 3 milhões. Corrigidas pela inflação, seriam hoje R$ 5,3 milhões.
O 03,
Carlos, não fica atrás. Seu primeiro apartamento, na Tijuca, foi comprado em
espécie, por R$ 150 mil. Ele já era vereador e tinha 20 anos. O 02, Eduardo,
adquiriu, por este mesmo valor, dois apartamentos na Zona Sul, o último deles
em 2016, já deputado federal.
Claro que
nenhum deles tem explicações para o esdrúxulo costume. E todos possuem uma
admirável capacidade para empurrar com a barriga sempre que lhes é cobrada alguma
explicação jurídica por só fazerem compras em cash.
Isso sem falar do depósito de R$ 89 mil na conta da primeira-dama por Fabrício Queiroz, o PC Farias do clã. Imagine o deleite de acordar um dia com 89 mil depositados na sua conta? Alguma explicação? No casa de Michele, rendeu a música “Micheque”, dos Detonautas. Até agora, a única reação é a ameaça de censura à canção. Nada mais.
Estranhos os hábitos da extrema-direita. O bilionário Trump, ídolo de Bolsonaro, só
pagou US$ 750 (R$ 4.1710) de imposto de renda no ano em que se elegeu. Ele teria passado 10 dos 15
anos anteriores à sua posse sem pagar um tostão sequer ao fisco de seu país. Se a moda pega por aqui...
Quem se
incomoda com tudo isso? O presidente mexeu na estrutura da PF para que ninguém incomode seus familiares. Manda no PGR. A última pesquisa do Ibope deu 40% de aprovação
ao presidente. Quem liga para essas mixarias?
Em breve
Bolsonaro vai nomear um ministro terrivelmente evangélico para o SFT. No ano
que vem, mais outro. Se for reeleito, outros, calando a voz do poder que mais
tem cerceado suas loucuras. Bolsomínions, por sua vez, não fazem ideia do que foram os anos de chumbo. Quem se importa com a democracia?
Pois é.
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