Todo cuidado é pouco!

 


Se há uma unanimidade neste momento – terraplanistas à parte – é a chegada da vacina contra a Covid-19. Há duas semanas, porém, o planeta tomou uma ducha fria com a interrupção daquela que se mostrava a mais promissora das cerca de 170 vacinas testadas no planeta: a de Oxford e do laboratório AstraZeneca. Em menos de uma semana os testes foram retomados – no Brasil o número de voluntários dobrou para 10 mil, E só agora a repórter Elizabeth Cohen, da CNN, conseguiu trocar em miúdos o que aconteceu.

A voluntária que causou a pausa é uma mulher inglesa, de 37 anos, até então saudável. Treze dias após receber a segunda dose da vacina, em 3 de setembro, ela começou a sentir dificuldade de caminhar, fraqueza e dores nos braços. Dois dias depois ela foi internada e diagnosticada uma mielite transversa na medula espinhal.

Conforme neurologistas, a mielite transversa é muito rara, e corresponde a um caso em 250 mil. Costuma ocorrer em reação imunológica do organismo a algum tipo de vírus. Isso só reforça o quanto é essencial a realização de testes para que uma vacina seja adotada com segurança.

Outra voluntária já havia relatado problema semelhante. Um especialista da Universidade do Texas em esclerose múltipla, porém, revelou que a mulher era portadora desta doença. Portanto, a reação não era ligada ao imunizante.   

A raridade da ocorrência de uma mielite deve ter levado o laboratório a aprovar a retomada dos testes. Todavia, os especialistas sabem que o “mimetismo molecular” pode ocorrer, quando uma pequena parte do imunizante é interpretada pelo sistema imunológico como parecida com o cérebro ou com a medula espinhal. E isso levaria a um ataque imunológico a estes órgãos, em reação à vacina.

A agência britânica de desenvolvimento e comercialização de produtos médicos e a Anvisa permitiram a continuidade dos testes. Já o National Institute of Health, nos EUA, ainda não deu o sinal verde. Apesar de toda ansiedade pelo imunizante, talvez a prudência americana tenha a ver com os 450 casos de síndrome de Guillan-Barré entre os 45 milhões de vacinados em 1976. A vacina era contra a gripe suína, que não evoluiu, enquanto 30 morreram do efeito colateral. 

Vamos sair dessa! 

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