O circo da Justiça brasileira
Poucas vezes na vida vi uma cena tão ridícula. Depois de soltar André do Rap, perigoso bandido que levou cinco anos para ser capturado, o ministro Marco Aurélio Mello, com aquele olhar enviesado, abriu as portas do presídio. André nem precisou fugir. Era condenado duas vezes a 25 anos por tráfico internacional de drogas. Mello teve a pretensão de indicar um endereço para ele se dirigir no Guarujá. Só que o criminoso desapareceu, claro. Deve estar tomando cerveja na Bolívia, gargalhando da Justiça brasileira.
Segundo o Estadão,
André, 43 anos, não era um bandido qualquer. Ele começou a enriquecer às custas
do PCC. Com seu comparsa, Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, virou o
maior barão das drogas do Rio. Isso após se unir com a máfia italiana Ndrangheta.
Daí em diante, os dois criaram a sua própria organização para distribuir entorpecentes na Europa.
Altos empresários do tráfico internacional.
Eles se
conheceram na Baixada Santista. Fuminho passou 20 anos foragido até ser preso
em Moçambique e extraditado para o Brasil. André, por sua vez, nasceu em Santos
e morava perto da Favela Portuária, no Guarujá. O apelido Rap vem dos raps que
compunha sobre “a vida loka”.
Foi preso pela primeira vez por tráfico de
drogas em 1996. A dupla comanda a Sintonia do Tomate, a multinacional de drogas
do PCC. Usa seus doleiros para enviar dinheiro do tráfico que chega pelo porto
de Santos ao Paraguai e à Bolívia. O DEA americano já captou uma pequena filial
de cocaína do grupo, em Miami.
O delegado Fábio Pinheiro Lopes penou para prendê-lo,
em 2019. Deve estar esconjurando o STF. O governador de São Paulo já contabilizou a fortuna que o estado gastará para recapturá-lo. Enquanto isso, os juízes passaram a
semana se pavoneando com aquelas medievais capas pretas, discutindo o sexo dos
anjos. Com a devida vênia da mídia. Fux, topete hollywoodiano, disse que André
debochou do Supremo ao desaparecer. E você, se fosse um criminoso de alta
periculosidade e tivesse a oportunidade de sair da prisão pela porta da
frente, o que faria?
Qual a
mensagem que fica? O crime compensa. A outra é, para quê usar inteligência,
tempo e dinheiro para capturar criminosos se o STF vai mandar soltar? Quem
também deve estar adorando essa novela mexicana é Bolsonaro. Além de desviar a atenção de suas próprias mazelas, dessa vez está cheio
de motivos para denegrir o STF.
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