Que falta fazem a esquerda e o Centro

 

O ego continua a ofuscar a esquerda brasileira. No recente encontro entre Ciro Gomes e Lula, foi ensaiado um armistício. Frágil, porém. Como já demonstrou a necessidade de um “pedido de desculpas” de Ciro a Lula e ao PT, imposto por Gleise Hoffmann, certamente com o amém do líder.

Flávio Dinho, quem mais costurou uma união da esquerda para 2022, aplaudiu o encontro: "É importante uma união progressista, popular e civilizacional para proteger o Brasil da barbárie representada por Bolsonaro".

As picuinhas que levaram ao rompimento dos dois líderes foram várias, de ambos os lados. Difícil tomar o partido de um deles em meio às mágoas mútuas e ao disse me disse. E nessa hora de urgência máxima para formatar um pacto capaz de nos livrar do diabo, o que mais se espera são atos de grandeza, diante do risco de uma reeleição e de uma segunda gestão ainda mais radical que a primeira.

Enquanto isso, o que se vê é a desenvoltura do ministro polêmico da vez, debochando de mais uma autoridade, o 'Nhonho'. Talvez sob o efeito do vinho branco que encharcou suas ideias num sofisticado bar de Fernando de Noronha. Facilitar os incêndios da Floresta Amazônica e do Pantanal parecem não ter sido suficientes para Ricardo Salles (investigado pelo MP-SP por enriquecimento ilícito) para afrontar os brasileiros...e muito dinheiro entre as nádegas do vice-líder do governo.

Isso após chamar o ministro Rego Barros de “Maria fofoca”, o que não agradou nem um pouco às Forças Armadas. Para Bolsonaro, o vilão do episódio parece ter sido Barros, que começa a surgir como a próxima fritura do governo. E agora vem o desdém do presidente à vacina que poderá salvar muitas vidas, contestado pelo vice Mourão, que encarnaria a opinião do alto comando militar. Cada vez nos aproximamos mais de encarnar uma República de Bananas.

Ou seja, só uma união não apenas da esquerda, como a formação de uma frente ampla também integrada pelo Centro (por onde ele anda?) poderá nos salvar desse pesadelo chamado Bolsonaro, que aposta no populismo, na negação da ciência, na destruição de nossa biodiversidade, nas mentiras e no armamento de milicianos para se manter no poder.