Contrabando ilegal vem desde o pau-brasil

 


 

 Em 2019, só 0,02% da madeira extraída de forma ilegal da Amazônia foi exportada para a Europa. O destino da maior parte dessas toras foi o mercado interno. Quem comprou a madeira ilegal não foi a Europa, e sim empresas sediadas naquele continente. E quem vendeu não foi o Brasil, e sim madeireiros criminosos. Se os "da terra" não tivessem vendido, não haveria compra, relata o indigenista José Ribamar no site taquiprati.

 Na semana passada, em plena cúpula dos Brics, Bolsonaro pagou um mico, ao tentar se vingar de seus críticos. Ameaçou revelar os países que compram madeira ilegal da Amazônia. Dois dias depois voltou atrás. Porém, se manteve calado sobre a falta de fiscalização ambiental de seu governo.

Não é de hoje que isso acontece. Os franceses começaram a piratear a madeira e Portugal se lixava para a vida dos índios e para a floresta, como alguém que conhecemos. O país luso protestou, contudo, diante do fracasso das negociações diplomáticas. Foi então que Diogo de Gouveia – espécie de embaixador de Portugal na França - em  carta escrita em 29 de março de 1532 a D. João III, recomendou o controle e fiscalização da costa.  E ainda que fossem criadas ali povoações, que originaram as capitanias hereditárias.

“Uns e outros usam da terra, não como senhores, mas como usufrutuários, só para a desfrutarem e a deixarem destruída”, registrou o frei baiano Vicente do Salvador, pai da historiografia brasileira.

Hoje, a boiada passou. Ficou mais fácil desmatar a floresta depois que, em fevereiro, o presidente do Ibama, Eduardo Bim, dispensou a necessidade de autorização para que empresas de outros países importem madeira extraída no Brasil.  André Teixeira, coordenador do monitoramento do uso da biodiversidade e comércio exterior, discordou, e foi por isso demitido por Ricardo Salles. Como se sabe, o ministro do Meio Ambiente foi nomeado, e mantido, para abrir caminho ao desmatamento desejado por Bolsonaro.

A lição do passado é simples: quem deseja abortar a compra de madeira ilegal tem de impedir sua venda, o que cabe ao Estado brasileiro. Para isso, bastariam um controle rígido pelos órgãos fiscalizadores federais, multas e punição exemplar para os criminosos. Só que, como o Portugal colonial, só pensam em enriquecer, destruindo a floresta. O pior lado da história continua a se repetir.

 


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