Entre ficção e realidade
Difícil preencher a sensação de orfandade depois de assistir à fabulosa série sobre o (invejável) parlamento dinamarquês, “Borgen”. Me ancorei em “Gambito da Rainha”, interessante trama sustentada pelas disputas de xadrez e pelo fascinante olhar da protagonista Anya Taylor-Joy, na pele de Beth Haron. E ainda na quarta temporada de "The Crown".
Em entrevista ao Le Poit Pop, o especialista Stéphane Bern especulou sobre o borogodó da série inglesa, assistida por 73 milhões famílias ao redor do mundo: “Essa coroa une a nação na diversidade e, ao mesmo tempo, há coisas extremamente sérias. Nós os insultamos. É uma galeria de retratos pouco lisonjeira e muito caricatural. Mas se você quer fazer boa ficção tem que forçar a linha...”
Bern
reconhece ali fatos reais, assim como outros nem tanto. “Mas a série é
soberbamente bem feita, há uma dramatização das cenas que incute nos ingleses a
ideia de que eles ainda têm um grande poder e que a monarquia os salvará de
tudo, embora não os salve de Boris Johnson”, provoca.
Em meio ao
conto de fadas que foi a vida inicial de Diana, impressionam as cenas do massacre que ela sofreu e de seu solitário sofrimento, preenchido pela bulimia – e olha que ainda estou no
início...Parece que o príncipe Charles está furioso com seu perfil criado pela Netflix. De minha parte, acho fascinante acompanhar o dia-a-dia dessa família
ícone, pela nobreza, como se pudessem ser pessoas quaisquer, o que estão longe
de ser.
Já no início
da pandemia alternava o trágico noticiário com a adrenalina da espanhola “A
casa de papel”, que inaugurou esse profundo sentimento de orfandade ao fim do
último capítulo da quarta temporada. O noticiário selecionado pelo Google,
contudo, deve manter um contrato com a produção para manter a série viva, falando
dos personagens, de uma possível volta de Nairobi...Estrategicamente, as
informações não tocam no principal: quando chega a quinta temporada.
Enquanto
isso, me divido entre “Gambito da Rainha”, que, apesar do título, nada tem a
ver com a realeza, e “The Crown”. E, na vida real, compartilho com os
brasileiros e com o planeta a ansiedade pela chegada das vacinas.
Será que
esse líder negacionista– que nunca prestou solidariedade às famílias dos quase
170 mil mortos, ou tampouco botou os pés em Macapá, onde a população pena com sucessivos apagões – vai conseguir atrapalhar o know how brasileiro
em campanhas de vacinação? Veremos os próximos capítulos dessa realidade que mais parece ficção...
Muito bom
ResponderExcluirObrigada!
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