Efeito pandemia
Foram muitas as razões que levaram Trump a perder as eleições e os cientistas políticos ainda estudam essa derrota. Embora ainda não haja uma correlação precisa entre a condução desastrosa da pandemia pelo ex-presidente, não há como negar que esse foi um dos fatores que levaram à vitória de Joe Biden. E Bolsonaro devia acordar para isso.
Não é um
acaso que Brasil e EUA liderem o número de infectados e de óbitos no planeta.
Enquanto o mundo assiste, estupefato, ao desdém com que os dois presidentes
lidam com a Covid-19, o cientista político Carlos Pereira, da Fundação Getúlio Vargas,
já contabilizou a perda de eleitores de Bolsonaro exatamente por esse motivo.
“A pandemia custou eleitores a Bolsonaro, por causa da forma como ele a tratou”, cravou ele. Esse foi um dos dados da pesquisa realizada por Pereira sobre temas políticos e sociais, com mais de 20 mil respostas recebidas até agora.
O “país de maricas” soube distinguir o drama de um dirigente diante
de uma crise dessas dimensões, de sua total incapacidade em lidar com ela.
Assim como foi nos EUA.
O pesquisador detectou o efeito “bomba atômica” da pandemia em meio à polarização ideológica vivida pelo país, dividido entre o bolsonarismo e o petismo.
“Um dos principais achados foi o rompimento
com o presidente de pessoas que, mesmo sem serem próximas à base dele, optaram
por não votar no PT em 2018”, disse ao Globo.
Pereira
acredita que essa turma optará pelo centro, “em busca de moderação”.
Quer dizer, a tendência, em princípio, não vai cair no colo da esquerda. “Diante do risco de vida da
Covid-19, as pessoas se tornaram dispostas a saídas menos radicais. Querem
previsibilidade ao invés de surpresas”, acrescentou.
Como os
brasileiros são conhecidos por sua memória curta, pode ser que em 2022 já tenham
esquecido o que aconteceu por aqui em 2020.
Até lá, porém,
outros fatores abalam o presidente. Abundam provas da prática de rachadinha por
Flávio, o 01. Além do testemunho da ex-assessora do então deputado na
Alerj, Luiza Souza Paes, o MP-RJ levantou que a dentista Fernanda Bolsonaro,
mulher de Flávio, não fez nenhum saque em sua conta entre 2010 e 2014.
Com quê dinheiro ela viveu?
Isso sem falar na má avaliação de Bolsonaro, que já prejudica seus candidatos nas eleições municipais; no fim do auxílio emergencial, na perda de Trump em seu
desfalcado time e na crise econômica que se avizinha no país em 2021.
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