Pelo discernimento no voto

 


Ainda sob o encantamento dos efeitos milagrosos do Plano Real, me indignei com a incompetência do governo FHC diante do apagão, de julho de 2001 a fevereiro de 2002. Tantos anos depois, é inacreditável o que se vê no Amapá. Investigações inconsistentes, ausência de explicações plausíveis e o pior: a população sem luz há quase 15 dias.

Hoje não haverá eleições na capital Macapá e, quem sabe, em outras das 13 cidades afetadas do estado. Não propriamente pela falta de luz, e sim pela escalada de violência observada em várias localidades. Isso em meio à proposta de Bolsonaro de “armar os homens de bem”. Até agora, que se saiba, quem se deu bem foram os milicianos que futuramente poderão servir aos interesses golpistas do presidente.

Já se sabia dos riscos de apagão em Macapá, a Agência Nacional Reguladora de Energia Elétrica (Aneel), contudo, jamais botou os pés na cidade. Mais de dez dias após o blackout, apurou-se que a causa foi um incêndio no transformador de uma subestação da concessionária Gemini Energy, que passou a fornecer energia à capital em janeiro.  Enquanto isso, a comida da população apodrece e os aparelhos para minimizar o calor simplesmente não ligam. Muita gente não consegue dormir.

A previsão de normalidade é só para o dia 26, e olha que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, é nascido em Macapá. E adivinha quem vai pagar essa conta? Eu, você e a população brasileira. Os eleitores de lá terão até o dia 27 de dezembro para escolher seus prefeitos e vereadores.

No mais, espera-se consciência dos brasileiros na hora de votar. Segundo a revista Cruzoé, o megatraficante Marcola está por trás de vários candidatos. Será que as pessoas já se convenceram da importância de seu voto para o futuro do país? Já se vê os candidatos de Bolsonaro, como Russomano, em São Paulo, e Crivella, no Rio, derreterem. As urnas serão ferramenta para pavimentar candidaturas de 2022.

Encontrei no Meio de ontem o tipo da efeméride curiosa para esses tempos eleitorais. As primeiras eleições do continente americano aconteceram no Brasil. E foram municipais. A ideia foi de Martim Afonso de Souza, primeiro donatário da Capitania de São Vicente, na baixada santista, mais tarde refundada como Capitania Real do Rio de Janeiro.

Em apenas seis meses de nascente vila, Souza determinou que se realizassem ali eleições para um juiz, dois vereadores e um procurador. O time deveria criar leis e fazer com que fossem cumpridas. Tudo com o beneplácito do amigo Dom Manuel.

Tradição, portanto, não nos falta. O que está em falta é sabedoria para escolher os eleitos.

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