Viva o estado laico!

 


A melhor notícia da véspera do segundo turno estava ontem na coluna de Ascânio Saleme, no Globo: “o voto religioso de cabresto perdeu força.” O festival de fake news antes do pleito, que chegou a amealhar mais algumas adesões de incautos em Crivella, porém, não foram suficientes para garantir o voto neopentecostal ao  ‘pai da mentira’. Como bem disse Ascâneo, “o eleitor evangélico, que até outro dia parecia apenas parte de um rebanho ideologicamente garroteado, provou que não cai mais em lorotas tão facilmente.”

Quer dizer, os evangélicos também optaram por Eduardo Paes, pela simples razão de que o sobrinho do bispo Edir Macedo foi tão ruim, mas tão ruim,  que não teve sequer competência para ajudar o tio a pavimentar seu projeto nacional de poder.  

Tenho acordado para o crescimento dos evangélicos no país, que se em 2010 eram 10% dos eleitores , agora são um terço, turbinados por rádios e redes de televisão. Analistas políticos apontam os evangélicos como o esteio de poder de Trump e Bolsonaro, sob o mesmo lema “Nação, Deus e Família”.

Aqui no Brasil, pelo menos, as ramificações das igrejas evangélicas são inúmeras e, embora o conservadorismo prevaleça, também há pastores contra o racismo, a favor do aborto, das minorias e da liberação das drogas. Também há muitos católicos radicais, embora predominem os progressistas, estimulados pelo próprio papa Francisco, com suas convicções, como o respeito recentemente manifestado aos homossexuais.

O que me surpreendeu essa semana foi encontrar  em “Uma terra prometida”, o novo livro do ex-presidente Obama, revelações de como a igreja evangélica, antes de Trump, já tinha bagunçava o coreto. Era o ano de 2008, quando o então pré-candidato democrata ao senado, Barack, se viu obrigado a dar um cavalo de pau em sua campanha para reagir a seu ex-pastor, o midiático reverendo Jeremiah Wright.

Foi Wright quem recolocou a questão racial na campanha presidencial, o que obrigou Obama a fazer seu mais duro discurso até então. Conseguiu, contudo, não só recuperar o espaço perdido, como prosseguir na sua espetacular trajetória, que o alçou a primeiro presidente negro dos EUA.

Uma coisa é certa. Somos um estado laico e espera-se que, apesar de todo o esforço feito por Bolsonaro e sua caricata ministra Damares, continuemos assim. E que Crivella desapareça do mapa. Amém!

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