Afasta de mim esse cálice!

 



Bolsonaros e Trumps da vida têm algo em comum: o suporte das igrejas evangélicas neopentecostais. Aqui, uma das consequências que somos obrigados a engolir com essa aliança é a ministra Damares, capaz de insuflar grupos a protestarem na porta do hospital onde uma menina de 10 anos, estuprada pelo tio desde os 6, fazia um aborto legal.

Em 2010, os evangélicos representavam 10% da população. Esse ano, saltaram para um terço. Existem ramificações esclarecidas dentro deste grupo, porém, a grande maioria é reacionária, conservadora, ignorante e massa de manobra. Como acabamos de assistir com a prisão de Crivella.

Conforme Thiago Prado no Globo, são fartos os processos judiciais que apuram lavagem de dinheiro com doações de fiéis. Edir Macedo, tio de Crivella, passou 11 dias no xadrez, em 1990, acusado de charlatanismo. O prefeito, preso nove dias antes de terminar seu mandato, é apenas mais um capítulo dos escândalos que envolvem a Universal.

Antes mesmo da igreja ser batizada com seu nome oficial, o Bispo Rodrigues, braço direito de Macedo no antigo PL, foi investigado no caso Waldomiro Diniz, das máfias dos bingos e dos sanguessugas. 

Acabou condenado por participar do mensalão do governo Lula. Já Marcos Pereira, presidente do Republicanos, teria recebido R$ 6 milhões em propinas, conforme delação do empresário Joesley Batista.

Os dois, contudo, se limitavam ao território parlamentar. Crivella, não. Era uma aposta da Universal para se tornar o primeiro presidente evangélico do Brasil. Não fosse pela incompetência que o alçou ao título de pior prefeito do Rio de Janeiro, e ao fato de ter sido pego com a boca na botija, corríamos esse sério risco.

Não, os evangélicos não são tutti buena gente, como a cada dia fica mais claro. Damares, Flordelis e Crivella são alguns desses exemplares que brigam contra a ideia de que o Brasil é um país laico. 

Enquanto isso, o presidente - que agora se descola do apoio dado a Crivella - sustenta sua promessa de indicar para a próxima vaga do STF um ministro “terrivelmente evangélico”. Não por acaso, Humberto Martins, o ministro que mandou o ex-prefeito para casa, é evangélico.

As ameaças desses grupos continuarão em curso. Sobretudo enquanto Bolsonaro mantiver seu projeto de poder. Que premia também as milícias, as armas, a desestruturação das áreas da Saúde, Educação, Meio Ambiente e Cultura.

Que nossas instituições se mantenham fortes para afastar esse venenoso cálice do Brasil! 

PS: Queridos leitores, vou dar uma pausa até o dia 4 de janeiro. Torço para que todos consigamos nos vacinar o quanto antes, ao contrário do desejo desse governo que só quer saber de cloroquina... 

 

  

Comentários

  1. Merecido descanso,Celina, você tem sido um farol nestes tempos sombrios, jogando luz nas formações tenebrosas, antecipando perigos emergentes, alerta!

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