Ganhou mas não levou
Nesse momento em que se escancaram as relações promíscuas entre o clã Bolsonaro e milicianos, são estarrecedoras as constatações feitas ontem por Marcelo Freixo no Globo sobre o Rio. Ele lamenta dizer que Eduardo Paes ganhou, mas não levou. Isso por que 57,5% - um pouco mais da metade – do território e do município do Rio são controlados por esses grupos paramilitares.
Desde que
realizou a CPI das Milícias, em 2008, Freixo observa que havia uma
distinção entre as atividades econômicas desses grupos que gravitam à margem
dos militares e os traficantes de drogas. “Doze anos depois, esses negócios
evoluíram, se tornaram mais poderosos e estão cada vez mais parecidos”, denuncia.
Um passou a se apropriar do comércio do outro: traficantes investem no controle do gás e do
gatonet nas favelas, enquanto os milicianos mergulham de cabeça no
narcotráfico. E ambos atuam na venda ilegal do tabaco contrabandeado do
Paraguai, atividade que já corresponde a 60% do comércio de cigarros – também
mais da metade – na cidade.
O que os
distingue atende pelo nome de 'política'.
Os milicianos já dominam as ferramentas para controlar eleitoralmente os
territórios, como a Zona Oeste que, não por acaso, garantiu uma
penca de votos a Crivella. As quadrilhas, como diz Freixo, também “colonizam” o
Poder Executivo.
É o que se
vê em relação ao controle exercido sobre o governo federal, que colhe os frutos
da atuação de um Fabrício de Queiroz para turbinar o enriquecimento ilícito de Flávio
Bolsonaro. E o papai não para de fazer malabarismos para afastar seu filho do xilindró.
Para Freixo, porém, a solução existe. “Necessitamos de um pacto institucional para refundar o Rio, o
estado e a União, passando pelo MP e Judiciário, movimento que vai da derrota
do bolsonarismo à de seus aliados, ligados umbilicalmente aos milicianos
(alguém tem alguma dúvida disso?)”.
“O que está
em jogo é a democracia” – prossegue o deputado do PSOL -, “são os direitos e
principalmente a vida de milhões de cariocas (e brasileiros), cuja existência
foi leiloada ao crime”. Crime este cada vez mais
armado até os dentes, com as regalias de Bolsonaro à circulação de armas.
Muito boa a ideia de refundação .
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