Legislativo, o risco da vez

 

                                           Rodrigo Maia, em foto da Revista IstoÉ

Cresce o risco do Legislativo – após a PF, PGR, Anvisa, Abin, GSI, ministérios da Saúde, Meio Ambiente e Relações Exteriores e Fundação Palmares – trabalhar para Bolsonaro, neste processo de esgarçar a democracia. É verdade que Rodrigo Maia (DEM) não levou à frente o tão desejado impeachment por grande parcela da população, porém, a então popularidade do presidente o inviabilizaria. Ele se manteve, contudo, como uma voz reativa aos absurdos cometidos pelo presidente – como é o projeto que apresentou para obrigar o governo a comprar os imunizantes.

O fato é que, esperançoso de que o STF rasgasse a constituição e lhe garantisse continuidade, Maia deixou de lado sua sucessão. E agora, a esquerda e a centro-esquerda voltam a se dividir, embora a formação de um bloco pudesse ajudar a barrar o líder do Centrão, Arthur Lira (PP), nome de Bolsonaro, que ontem lançou sua candidatura.

Embora ainda cogite incluir um representante da esquerda, os nomes até agora sugeridos por Maia - Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Baleia Rossi (MDB-SP), Elmar Nascimento (DEM-BA), Luciano Bivar (PSL-PE) e Marcos Pereira (Republicanos-SP) – estão longe de empolgar.

E como o Brasil é o país do vale tudo, parece ser irrelevante a denúncia de 2018, da então PGR, Raquel Doge, de que Lira teria recebido repasses de R$ 1 milhão de assessores envolvidos no esquema de rachadinha da Assembleia Legislativa de Alagoas. As rachadinhas, por sinal, parecem assombrar Bolsonaro...

O PT, com maioria de 54 representantes no bloco da esquerda, ameaça aderir a Lira. E após longa reunião com o PCdoB, o candidato do presidente representou o falso papel de independente e solicitou uma pauta de compromissos, que prometeu atender. Para os comunistas, conforme o Globo, Lira “mantém a palavra e cumpre acordos”.

O PSB também não descarta seu apoio ao deputado do PP. Os únicos que se mantêm firmes em evitar o aparelhamento do Legislativo pelo presidente são o PDT e o PSOL, este último, por não admitir composições com a centro-direita ou centro.

Ontem, Lira ganhou apoio do PL (41), PP (40), PSD (33), Solidariedade (13), PROS (10), PSC (9), Avante (8) e Patriota (5). São159 deputados, embora não signifique que todos fechem com seus partidos. O eleito, em 1° de fevereiro, precisará de 257 votos, com chances de segundo turno.  

Como os principais partidos de esquerda reúnem 132 representantes entre os 513 deputados da Câmara Federal, não será difícil prever o risco que corremos: mais um pau mandado para dizer amém aos desatinos de Bolsonaro. A não ser que aconteça um milagre...

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