Mais tragédia ambiental à vista
Quatro anos após as Olímpíadas de 2016, que turbinaram de 30 mil para 60 mil a disponibilidade de quartos para hospedagem na cidade, a rede hoteleira tem penado para manter a ocupação. É nesse quadro que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, anunciou que vai transformar o Museu do Meio Ambiente, o primeiro da América Latina, com público de 600 mil visitantes por ano, em hotel butique.
Foi lá que tive o privilégio de assistir a uma das mais espetaculares exposições já vistas no Rio de Janeiro, “Genesis”, com fotografias de Sebastião Salgado, em 2013.
Sem considerar o obrigatório freio causado
pela epidemia do coronavírus, nem só de exposições vive o nobre espaço. O museu
também é palco de programas educativos e debates voltados à construção conjunta
do conhecimento da sociedade. Mas o que isso importaria ao pirotécnico Salles?
Por exposições como a já mencionada, o Museu do Meio Ambiente é um dos espaços de lazer e cultura mais queridos dos cariocas. Inaugurado em julho de 2008, ano da comemoração do bicentenário do Jardim Botânico, durante gestão de Liszt Vieira, o museu passou por uma reforma geral entre 2010 e 2012.
Desde então, reabriu em modernas instalações, aptas a receber
exposições de alto nível, em excelentes condições para a visitação.
É claro, porém, que a finalidade do museu não tem nada a ver com os interesses de Salles. O objetivo do espaço é promover a participação ativa e consciente da sociedade no debate das questões socioambientais, através da construção conjunta de conhecimentos e do fortalecimento da cidadania.
Se isto de fato acontecer
naquele nobre espaço, ele simplesmente seria defenestrado do cargo em um piscar
de olhos, apesar de todo o prestígio que tem com Bolsonaro. Exatamente por
executar como poucos as ordens do chefe.
O que esperar para o museu de um ministro que já patrocinou os
mais altos índices de incêndios já ocorridos na última década? Nos primeiros 10
meses de 2020 foi superada a cifra total de incêndios ao longo do ano
anterior. No Pantanal, este é o pior ano desde 1998, quando foram iniciados os
registros de focos ativos de fogo do Instituito Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe).
O número de queimadas na Floresta Amazônica subiu 25% nos primeiros 10 meses de 2020 em comparação com um ano atrás, segundo o Inpe.
Outubro registrou 17.326 focos de queimada na maior
floresta tropical do mundo, correspondentes a mais que o dobro do número de
incêndios detectados no mesmo mês de 2019.
Não é difícil de prever o que vai acontecer: um hotel vazio e o Meio Ambiente e a Cultura chutados para escanteio, como tão aprecia nosso presidente Jair Bolsonaro, o mesmo que vai encerrar os programas de saúde mental pelo SUS.
O presidente e seu ministro deveriam ser os primeiros nessa lista de atendimentos, pela sequência de sandices que cometem.
O triste é saber que a insanidade da marginalia, só é insanidade para nós, pois para eles e muitos outros, é esperteza, farinha pouca meu pirão primeiro, como diz o dito popular!
ResponderExcluirPois é, impossível saber onde vai parar...
ResponderExcluirMas são favas contadas esta transformação?
ResponderExcluirSó uma ação na justiça pode sustar essa insanidade desse incendiário.
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