Quando a Justiça é injusta
Longe de
mim me fazer de vítima, porém, não consigo me ver em outro lugar diante do
absurdo que tenho passado. Como já contei aqui, a Justiça do Rio desfalcou
minha poupança em R$ 16.645 no início do mês que celebra o Natal. Dessa vez,
sem o décimo terceiro - minha única fonte de renda - já antecipado pela pandemia. Meu advogado, Marcus
Siqueira, obteve um despacho do juiz que ordenou, em 9 de dezembro, que o
dinheiro me fosse devolvido.
Respirei
aliviada, apesar da injustiça sem tamanho por uma injusta segunda condenação –
da primeira foram R$ 12 mil, já cinco anos, para cobrir as custas do processo -, a qual não me restou outra alternativa senão entubar. Pois bem, a Justiça
entrou em recesso em 19 de dezembro e, 10 dias depois do despacho judicial, não vi a cor do meu dinheiro. O que só
deverá acontecer a partir de fevereiro, quando os da toga voltam ao trabalho.
Com isso, passo o Natal, o período de acertar contas como o seguro do carro,
IPTU, IPVA, sem poder recorrer às minhas reservas.
Era o mês
de julho de 1993, quando fui enviada ao Tribunal da Justiça, cujo setorista, Jorge
Antônio Barros, o querido Jorginho, meu ex-foca, estava de férias. A reportagem era sobre uma denúncia
contra o presidente do Tribunal Regional do Trabalho, José Maria Mello Porto.
Como de
costume, ouvi e me convenci da propriedade acusação contra o magistrado.
Só que não tinha ideia do potencial de banditismo de Mello Porto. Ele entrou na
Justiça contra o Jornal do Brasil e contra mim, que assinei o texto. Me lembro de ter ido depor no
processo, aliás, depor não é a palavra, fui orientada pelo advogado do jornal a
não abrir a boca em minha defesa, crente que a verdade prevaleceria. Só que não prevaleceu.
Experimentei
na pele o que passam tantos brasileiros, como os familiares das primas Emilly Vitória, 4, e Rebeca Beatriz, 7, mortas na porta de
casa por balas perdidas em Duque de Caxias. O exame de balística não
identificou os autores dos tiros. Assim como o que acontece com Marielle
Franco, brutalmente assassinada há mais de mil dias, sem que até hoje tenham
sido identificados os mandantes do bárbaro crime. Bem pior. Contudo, não se trata de um campeonato
de quem são as maiores vítimas.
Claro que
longe de ser a minha pessoa. Agora, o que pode explicar que um juiz assine um
arresto judiciário como o que eu sofri, outro juiz manda que me devolvam o
dinheiro e a Justiça me deixa à míngua em período tão vital?
Mello
Porto deve estar gargalhando debaixo da terra, desde que foi assassinado com
sete tiros na Avenida Brasil, em 3 de agosto de 2006. E esse raio de processo
não prescreve, passados 27 anos.
O que esse juiz do mal não conseguiu roubar foi minha saúde,
que me preservou da contaminação pela Covid, assim como os meus entes
queridos. Mello Porto, entretanto, arde no inferno. Não que isso me console.
Acabou que por linhas tortas ele me obrigou a exercitar a paciência...
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