Na trilha do impeachment

 


Primeiro foi o afastamento de Sérgio Moro da Justiça, evidenciando que o combate à corrupção pelo governo Bolsonaro era papo furado. 

Onde surgiram os maiores clamores contra essa gestão – como no Meio Ambiente, com Ricardo Salles tacando fogo nas florestas; Relações Exteriores, com Ernesto Araújo elogiado pelo presidente pelo que ele não fez, e sobretudo na Saúde, onde a situação e os números falam por si – a condução da Economia por Paulo Guedes é outra falácia.

O pedido Wilson Ferreira Júnior de demissão da Eletrobras é a mais nova e contundente demonstração de que o governo não tem nada com o liberalismo defendido por Guedes. 

A economista Elena Landau, uma das responsáveis pelo Plano Real, está entre os defensores do impeachment de Bolsonaro. “Ele empurrou o Brasil para o caos, ao cometer uma série de crimes e tornar-se um perigo para a democracia”, sustenta no Correio Brasiliense.

Para ela, o que se vê é um arremedo de liberalismo, cuja base é clara: “reforma do estado, simplificação do sistema tributário, abertura comercial e educação. O governo não tem nada nessas quatro premissas”, afirma. Landau acredita que o país continuará patinando, “enquanto não houver um compromisso com reformas estruturais, contra o aumento da pobreza e das desigualdades sociais.”

O buraco, contudo, é mais embaixo. Pagamos pelos consecutivos erros e pior traição de compromissos assumidos. Bolsonaro era um crítico do Centrão, por sinal, seu berço político. Agora é obrigado a recorrer ao grupo – e tome de cargos e ministérios para manter esse apoio – como boia para salvá-lo do afastamento.

Os crimes de responsabilidade contidos nos 56 pedidos adormecidos na Câmara – aos quais Rodrigo Maia não teve a coragem de dar andamento - saltam aos olhos. 

O mais grave, sem dúvida, é o desprezo à vida manifestado nessa absurda condução da pandemia, que culminou com pessoas morrendo por falta de oxigênio no pulmão do mundo.

Tudo bem que o principal responsável pelo crime foi o governador. O governo federal, porém, receitou remédios ineficazes ao invés de garantir o suprimento de oxigênio.

Cresce o clamor contra o presidente, que só não saiu às ruas - fora as carreatas de domingo - por conta do isolamento.

Ontem entraram com pedido de impeachment mais de 380 lideranças religiosas, como o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil, a Comissão Brasileira Justiça e Paz e a Aliança de Batistas do Brasil. 

Igrejas a exemplo das neopentencostais (como a do bispo Macedo) mantêm o apoio ao presidente.

Essa semana, Bolsonaro seguiu na sua postura assassina, ao compartilhar nas redes o depoimento de um desembargador que critica o isolamento social. Foi preciso João Dória começar a vacinar em São Paulo para o presidente se mexer. Para quê cuidar da vida se é mais fácil deixar morrer? Haja leite condensado! 

O que falta para celerado cair? 

 

 

Comentários

  1. O ultraliberalismo do Guedes está na contramão do resto do mundo. Guedes e Bolsonaro estão arrebentando o país sem construir nada. Não há como comparar com os governos do PT ou mesmo com o do PSDB que o antecederam. A corrupção no governo do PT não foi maior do que a que existia antes, apenas o "queijo" estava muito maior e o Brasil fazia parte do seleto clube dos trilhões, atraindo investimentos e interesse do mundo inteiro. Hoje somos mal vistos e despertamos sentimentos de repulsa, desconfiança e pena no resto do mundo. Com a desculpa de combater a corrupção (que é endêmica ao sistema e deve ser permanentemente combatida) estão destruindo o país e décadas de conquistas sociais e econômicas.

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