O cerne do atraso

 


Ainda não se sabe se a conduta criminosa de Bolsonaro diante da pandemia do coronavírus vai levá-lo ao impeachment. Por sinal, pesquisa feita domingo na Câmara mostrou que 108 deputados são favoráveis a seu afastamento e 48, contra. 365 não se posicionaram. 

Em meio à tragédia de Manaus, aos quase 210 mil mortos e ao fim do auxílio emergencial, contudo, a popularidade do capitão entrou em queda livre. Pesquisa da XP/Ibespe aferiu que subiu de 35% para 40% os que consideram o governo ruim ou péssimo, enquanto os que o acham ótimo ou bom caíram de 38% para 32%. 

Uma coisa é certa: se as Forças Armadas conseguiram resgatar a aprovação perdida depois da ditadura militar (1964-1985), seu apoio também despenca, sobretudo com o papelão do general Pazuello na crise sanitária. Ficou mais do que óbvio que ele entende de morte, e não de vida.

Sem saber o que é o SUS, Pazuello aceitou o ministério da Saúde, porém, sem abrir mão de permanecer na ativa. Jogou na lama suas credenciais de craque da logística. Nem preciso repetir aqui o por quê.

 E ainda puxou o saco do presidente no vergonhoso episódio “um manda e o outro obedece”. Parece que as fichas dos generais Mourão, Heleno e Braga Netto também não caíram sobre o papel que ocuparão na História.

E, como se não bastassem as contribuições atuais, a indelével marca do Massacre de Manguinhos nunca será apagada. A ditadura cassou e perseguiu dez renomados cientistas da Fiocruz, que vai fabricar aqui a salvadora vacina de Oxford. 

Foram eles Augusto Cid Mello Perissé, Tito Arcoverde Cavalcanti de Albuquerque, Haity Moussatché, Fernando Braga Ubatuba, Moacyr Vaz de Andrade, Hugo de Souza Lopes, Massao Goto, Herman Lent, Sebastião José de Oliveira e Domingos Arthur Machado Filho. 

Além de perseguir o grupo, que a essas alturas já estaria inoperante, a ditadura estimulou o desmonte e sucateamento da própria Fiocruz, com forte redução de seu orçamento. Com isso, a instituição foi forçada a reduzir sua produção de insumos, soros e vacinas, além de encerrar linhas de pesquisa e fechar parte de seus laboratórios.

Se nada disso tivesse acontecido, quem sabe hoje a principal vacina contra o coronavírus oferecida aos brasileiros e ao mundo não seria made in Brazil?

 

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