Quando vence o bandido
Sabe aquela sensação desagradável de sair do cinema e o bandido levou a melhor? A anulação da quebra de sigilo bancário e fiscal de Flávio Bolsonaro, com sua postura cínica e arrogante, traduz o mesmo sentimento.
Pode piorar,
se essa vitória da defesa do 01 pleitear o fim da prisão domiciliar de
Fabrício Queiroz, onde está desde junho.
Como bem
disse o colunista Bernardo Mello Franco, pode-se acusar Bolsonaro de tudo,
menos de descuido com a prole. Ele está em vias de concluir a maior obra de seu
governo: a blindagem do primogênito.
Como pano
de fundo, vê-se a disputa dos puxa sacos pela conquista da próxima vaga do STF,
encabeçada pelo PGR Augusto Aras e por João Otávio Noronha, o “amor à primeira
vista” do presidente, peça chave para a decisão que acaba de ser tomada pela Quinta Turma do
STJ em relação a Flávio.
Toda aquela
novela das rachadinhas (que também assombram Arthur Lira, presidente da Câmara), os saques em espécie, a lavação de dinheiro pela loja de chocolates (pelo sim pelo não, já vendida), as
revelações da Coaf, que Bolsonaro conseguiu esvaziar, podem virar fumaça.
A sequência de absurdos não para. Nosso ilustre chanceler, defensor da ditadura, reclama na ONU que a saúde não pode interferir nas liberdades; Daniel Silveira brada seu direito à liberdade de expressão enquanto defende a volta do AI-5; Frederick Wassef, em cuja casa foi encontrado o fugitivo Queiroz, desdisse que deixou a defesa de Flávio;
O pagamento do auxílio emergencial com dinheiro da Saúde e da Educação e, para abafar a crise da demissão do presidente
da Petrobras, Bolsonaro inventou ares de liberalismo ao levar ao Congresso a
MP da privatização da Eletrobras e dos Correios, projeto de Paulo Guedes, desde 2019.
Detalhe, toda a cinematográfica ação foi feita pelo presidente sem máscara, o que nos leva de volta ao mais sério problema enfrentado pelo país: a falta de vacinas, único jeito de acabar com a pandemia que completou 250 mil mortes em um ano e mais de 10 milhões de infectados.
A Anvisa até aprovou o imunizante da Pfizer, só
que o poste do ministério da Saúde não quis comprá-lo, o que nos leva ao fim da
fila. Nem sinal de aquisição da vacina da Jonhson & Jonhson, de apenas uma dose e refrigeração comum, recém aprovada pelo FDA americano. Bolsonaro até ensaiou adquirir o tal spray israelense, que sequer
existe.
Como é praxe entre líderes populistas da extrema direita, como Trump e Bolsonaro, só um novo escândalo para abafar outro. Agora, o presidente pode correr o risco de morrer eletrocutado ao meter o dedo na energia.
E, com toda a sua habilidade em
jogar a sujeira para debaixo do tapete, ainda falta inventar a mentira
para justificar os R$ 89 mil depositados por Queiroz na conta da primeira-dama.
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