Quando vence a tradição
Enquanto por aqui se discute se a reconstrução que venceu o
concurso para o Museu Nacional, destruído por um incêndio em 2 de setembro de
2018, vai descaracterizar a memória monarquista do imóvel, o presidente da
França, Emmanuel Macron, bateu o martelo: a reconstrução de Notre Dame será exatamente
igual à original, de 1859, como era antes do incêndio de 15 de abril de 2019.
Após o incêndio em Paris, o que não faltou foram
arquitetos e designers de todo o planeta propondo novas roupagens à torre e a seu pináculo. Pensou-se em telhados transparentes e até na instalação de hortas para
alimentar as populações carentes. Partes do governo francês eram também
favoráveis a mudanças para alterar os traços originais do arquiteto
Viollet-le-Duc. Macron chegou a dizer na época do incêndio que a reconstrução
seria “ainda mais bonita do que era”. Nesse caso, contudo, a tradição venceu.
O primeiro ministro, Édouard Philippe, ainda anunciou uma
competição internacional de reconstrução de um novo projeto. O
assunto, porém, morreu, após a criação, em 2020, da lei pelo senado, impondo que a
reconstrução da catedral deveria ser fiel ao seu "último estado visual
conhecido".
Aqui, o projeto vitorioso para a reconstrução do Museu
Nacional - fundado em 1818 por D. João VI como Museu Real - foi anunciado há uma semana. O vencedor, a H+F Arquitetos, foi o mesmo
que ganhou o concurso para a restauração do Museu do Ipiranga, em São Paulo.
O grande diferencial do projeto são as rampas à frente da fachada, para melhor integrá-lo aos jardins da Quinta da Boa Vista. Impressionam as imagens do novo hall, que ganha ares de Louvre, sobretudo em contraste com o que sobrou do combalido prédio. Só que as reações da turma que preza o patrimônio histórico não custaram a pipocar.
A principal crítica foi a do apagamento dos traços da então
propriedade da família imperial, cuja coleção deu origem ao museu. Alexander
Kellner, o incansável paleontólogo que já dirigia a instituição antes do
incêndio, admite que ocorram mudanças ao longo do processo.
Afinal, é desesperador ver o tempo passar sem que o poder
público ou a sociedade civil se mobilizem para resgatar aquele que representa dos
maiores guardiões da história brasileira. Orçada em R$ 2,7 milhões, a obra deve
estar concluída no ano que vem, a tempo de comemorar o bicentenário da
Independência do Brasil. Seja lá o que Deus quiser...
Vai precisar de madeira de lei pra reconstituir inteiramente o teto. Espero que não venham buscar na Amazônia.
ResponderExcluirO risco existe
ResponderExcluirParabéns Celina pelo sua reportagem, linkando os 2 monumentos históricos!
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