Livres para o que der e vier


 

Queiroz e Márcia já podem flanar em liberdade, com a bênção do ministro Gilmar Mendes. A tentativa de anular as provas no STJ, porém, não prosperou.

Outro dia uma colega jornalista comentou em um post meu que as ‘rachadinhas’ são prática generalizada nos gabinetes do Legislativo. Além de não serem um delito menor, porém, saltam aos olhos quando praticadas pelo clã.

Essa semana a jornalista Juliana Dalpiva, do UOL, uma das maiores especialistas no assunto, fez um balanço da situação no Canal Meio. De saída, ela confessou seu espanto diante da compra de uma mansão de R$ 6 milhões pelo 01 numa das áreas mais nobres da capital. 

Se surpreendeu com a 21ª aquisição feita pelo atual senador tanto pelas dimensões do imóvel, quanto pelo custo. Sensação extensiva ao processo, “cheio de perguntas sem respostas”

A palavra chave da lavagem, segunda ela, é dinheiro vivo, que não dá para rastrear no longo prazo. “Fernanda, mulher de Flávio, não registrou um único saque de 2010 a 2014. Irreal...”, citou. 

Lembrou ainda a prova contundente da existência do esquema em setembro, quando a ex-assessora Luiza Souza Paes admitiu sua participação, descoberta pelo MP-RJ, comprovada pelos documentos que entregou sobre a dinâmica do processo criminoso. Agora vai, pensaram todos. Só que não foi.

Não é preciso entender de matemática para perceber. Quando Flávio se elegeu deputado, em 2003, era estudante de Direito e tinha um Fiat. De 2007 a 2008 fez as primeiras aquisições, de um apartamento em Botafogo e 12 salas comerciais em um shopping na Zona Oeste, todos pagos em espécie. Alegou ter pego dinheiro emprestado do pai. E agora, a mansão.

A essas alturas ele já nadava de braçada no esquema operado por Fabrício Queiroz, que transformava depósitos dos funcionários fantasmas em dinheiro vivo e o transferia ao chefe. De grão em grão, a galinha foi enchendo o papo.

Do alto do acompanhamento que tem feito do processo, Dalpiva acha que o “MP-RJ vai cair num descrédito absurdo se não tomar uma providência séria para defender sua investigação.” E, mesmo que as provas sejam anuladas e o processo criminal for extinto, “a sociedade ficará sabendo.”

Ela vê um estrago público consumado que torna os casos incontroláveis, “inclusive pela proximidade do clã com milicianos, como o capitão Adriano Nóbrega e sua família, que sequer era tratado como tal até janeiro de 2019”.

Já dá para imaginar o que vem por aí na campanha de 2022...

Comentários

  1. René Ribeiro
    Gostei da postagem. Acredito que toda pessoa que grita, xinga e não faz nada, sempre acaba caindo em descrédito. É o caso de ditadores. E, mais do que isso, são corruptos, todos os ditadores foram. Pois se acham superiores a tudo e que podem pegar o que quiserem, porque acham que o poder é somente para eles decidirem o que querem e não representar a nação.
    Mas, baseado na história do mundo, acredito que um hora eles caem. Foi assim com Hitler, Mussolini, Pinochet, Stalin e outros. Todos caíram. Em um momento, esse senhor também vai receber de volta o que faz. Eu só espero que todos nós tiremos uma lição com todo esse sofrimento que estamos passando para ter um futuro justo e de desenvolvimento para o nosso país.

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  2. Ricardo Pelegrini

    Muito didática sua explicação Celina Côrtes. O que mais me intriga em relação a essa família é que nenhuma denúncia e nenhuma investigação prospera. Todos sabemos que existe um esquema criminoso .

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