Militares por cima da carne seca
Que ninguém duvide. O 'Partido Militar' veio para ficar. Isso é o que defende a mais
recente investigação do Intercept, não apenas diante dos fatos, como a partir
de suas fontes. Hoje são os generais do entorno do presidente que dão as cartas. Sim, eles perceberam o
potencial eleitoral de Bolsonaro, o que nenhum dos fardados teria. Apostaram no
capitão, só que não gostam dos resultados.
Óbvio está
que a decisão de assumir o ministério da Saúde não foi de Pazuello. Veio de
cima. Os colegas de farda viam nele potencial para superar a crise sanitária.
Não foi o que aconteceu, porém. Muito pelo contrário. E agora a
responsabilidade criminal pelos milhares de óbitos deve cair no colo do Exército e
no de Bolsonaro. Conforme a cartilha militar não é de Pazuello a
responsabilidade pela pandemia, e sim do Exército que ele representa.
Na prática, voltamos aos
tempos em que os fatos eram interpretados por menções e ilações dos generais. Me faz lembrar Hélio Contreiras, valorizado por ser dos raros repórteres com altas fontes militares.
O fato é que mesmo o
comandante Edson Pujol já tenha deixado claro não concordar com o envolvimento
de militares na política, não é o que se vê. E por enquanto ele não foi incomodado com perguntas como qual o interesse do Exército em manter esse monte de
militares da ativa em cargos públicos, ou se ele aprova a atual associação entre Forças Armadas e política. Que falta faz um Contreiras...
Para o
Intercept a conclusão é clara: o 'Partido Militar' não apenas se mantém ativo,
como está em plena campanha de reeleição. Só não há é certo se o candidato será
Bolsonaro. Um dos cogitados é Sérgio Moro ou uma frente de centro.
E diante da
tragédia que se abateu sobre o país, à beira de 300 mil mortos, os generais
ensaiam retirar o time de campo. Não a retirada do poder, e
sim de Bolsonaro. O próprio Mourão deixou claro em entrevista: "O ministro
é um executor das decisões do presidente da República", em tentativa de
tirar o do Exército da reta pelo morticínio.
Como representante da ala moderada, o ex-ministro da Secretaria de Governo, general Santos Cruz, deu um recado ao
Estadão: defende um candidato de centro
para 2022. Eles só não topariam Bolsonaro ou a volta de Lula. Ou seja, o 'Partido
Militar' se mantém por cima da carne seca.
Acho que o apoio militar do bozo é dos generais de pijama e a participação do general pateta é uma decisão do presidente que o convidou para dar a impressão que o Exército está com ele, assim como os militares que ocupam são convidados e aceitam de bom grado para uma função com gratificação recompensadora. O comandante do Exército já deixou claro que não embarca nessa canoa fazendo água do bozo. O blefe de ontem mostra que o presidente está num nível de desespero considerável. É isto que penso.
ResponderExcluirBom, de qualquer maneira a atuação do Pazuello reflete-se no Exército e deixa as FA em maus lençóis.
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